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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O DESTINO


A CHAVE PARA CRIAR O PRÓPRIO DESTINO

As quatro lições de Liao-Fan

Nota do tradutor: Liao-Fan Yuan nasceu durante a dinastia Ming, aproximadamente em 1550, na província de Jiang-Su, no condado chamado Wu-Jiang. Ele viveu até a idade de 74 anos, sendo um importante administrador, além de ter publicado vários artigos. Essas lições foram originalmente destinadas ao seu filho, posteriormente foram veiculadas na China por centenas de anos.

As quatro lições são:
O princípio do destino;
O método do arrependimento;
Os modos de acumular méritos e
Os benefícios da humildade.

O PRINCÍPIO DO DESTINO


Perdi meu pai quando ainda era jovem. Minha mãe pensou que aprender medicina seria uma boa maneira de me sustentar e também de ajudar aos outros. Além disso, tendo esta habilidade nas mãos não teria nunca que me preocupar com a minha sobrevivência. Poderia até me tornar famoso por minhas habilidades médicas, satisfazendo a vontade de meu pai. Desta forma, dei ouvidos à minha mãe e desisti do sonho de me tornar um oficial do governo.
Um dia durante minhas viagens, conheci um senhor de aparência distinta no Templo “Nuvem Clemente”. Ele tinha uma longa barba e aparentava ser um sábio. Eu lhe fiz uma reverência e ele me disse: “Você deveria estar estudando, pois o seu destino é ser um oficial do governo. No próximo ano você deverá entrar na graduação de Erudição (primeiro nível escolar). Por que você não está estudando?”. Eu lhe disse a razão e perguntei seu nome. O ancião respondeu: “Meu nome é K’ung da província de Yunnan. Eu tenho um sagrado texto sobre astrologia. Herdei o conhecimento de Shao-tzu (um estudioso da dinastia Sung que desenvolveu um método de predizer o futuro) e foi me dito que deveria passá-lo para você”. Assim, levei o Mr. K’ung para minha casa e contei para minha mãe a respeito dele. Ela disse para tratá-lo muito bem e nós testamos sua capacidade de fazer previsões. O ancião sempre estava correto quer isso fosse um grande evento ou um simples acontecimento do cotidiano. Desta forma, fiquei convencido sobre o que foi dito sobre o meu destino e iniciei os estudos de preparação para o exame do próximo ano. Consultei o primo Shen e ele me recomendou o professor Mr. Y Hai-ku, que já ensinava um amigo dele. Assim, tomei-me aluno do Mr. Y.
Mr. K’ung fez algumas previsões sobre minhas colocações: “Nas provas municipais você será o décimo quarto; no nível regional você será o septuagésimo primeiro e na província será o nono.” No ano seguinte, nos três lugares, quando os resultados dos exames chegaram foram exatamente como a previsão de Mr. K’ung. Pedi para que ele previsse minha vida inteira. De acordo com ele, eu passaria de teste em teste, ano após ano, até me tornar um funcionário público e depois receberia uma promoção. E por último, seria escolhido para o magistrado na província de Sichuan. Após servir nesta posição por três anos e meio, aposentar-me-ia e retornaria ao lar para viver até os 53 anos. Morreria no dia 14 de agosto no horário de ch’ou. Infelizmente, não teria filhos. Recebi a informação cautelosamente e não lhe dei importância.
Dali em diante, os resultados de cada exame concordavam exatamente com as previsões. Mr. K’ung também previu que eu ganharia um salário de noventa e um tan e cinco tou (unidades de peso) de arroz enquanto permanecesse no cargo. Quando eu já havia recebido no total setenta e um tou de arroz e meu superior Mr. Tu indicou-me para uma promoção, eu secretamente suspeitei de que a previsão de Mr. K’ung estava incorreta. Entretanto, ela revelou-se verdadeira porque a recomendação tinha sido rejeitada pelo chefe de Mr. Tu, Mr. Yang. Somente após muitos anos de trabalho fui finalmente promovido, e quando calculei a quantidade de arroz que tinha recebido no cargo vi que tinha sido exatamente noventa e um tan e cinco tou.
A partir disso, acreditei que prosperidade e promoções, vida ou morte, tudo tem seu próprio tempo. Tudo é predestinado. Tornei-me completamente indiferente sobre qualquer desejo. Naquele ano, após a minha promoção, fui enviado à capital, Yen, por um ano. Interessei-me pela meditação e perdi interesse nos estudos.
Ao final do ano, entrei para o colégio imperial no sul da capital. Quando retornei, fui visitar Yun Ku-hui, mestre do Zen na montanha Ch’i-hsia. Permanecemos sentados face-a-face por três dias e três noites sem adormecer. Mestre Yun me disse: “A razão pela qual pessoas comuns não podem tornar-se sábios e santos é porque elas têm muitos pensamentos inquietantes e muitos desejos. Há sempre uma razão”. Eu respondi: “Mr. K’ung predisse minha vida, minha promoção, minha morte etc... Tudo já está predestinado e não há necessidade de pensar sobre isso, nem de desejar nada”. Yun me disse: “A pessoa comum é controlada pelo ch’i do ying e yang, e por isso uma pessoa comum está sob o controle do destino. Entretanto para uma pessoa que tenha feito grandes obras, o destino não pode controlá-la. Por outro lado. se a pessoa realiza grandes maldades o destino também não pode controlá-la. Nos últimos 20 anos você tem sido dirigido pelas previsões do Mr. K’ung, sem ser capaz de modificar nem um centímetro do seu destino, sendo assim, um mero mortal. Eu penso que você pode ser um sábio, um ser iluminado”. Neste momento, Yun começou a rir.
Eu então perguntei a ele: “É verdade que alguém pode mudar seu destino, que pode escapar dele?” Yun disse: “Nós criamos nosso próprio destino. nossa forma é criada por nossa mente. Por nossos pensamentos. Sorte e azar são também determinados pelas nossas próprias ações. Isso é o que está escrito nos antigos livros de sabedoria. Nos sutras do Budismo está escrito que se você rezar por riqueza e fama, por um filho ou filha, ou por longevidade, você os terá. Isso não é mentira porque o discurso falso é um dos grandes pecados do ensinamento budista, então certamente, estando este ensinamento num sutra ele é verdadeiro”. Respondi: “Mencius (um sábio chinês que viveu de 372-289 aC) mencionou que só deveríamos pedir por aquilo que está dentro de nossas possibilidades, em outras palavras, virtude, bondade e honra são qualidades que temos que procurar obter. Entretanto, quando nos referimos à prosperidade, fama e status, como podemos procurá-las ou pedi-Ias?”
Yun: “Mencius estava correto. Você é que não entendeu a verdadeira essência. O sexto patriarca do Zen, Hui-neng, tinha dito que todos os campos do mérito não estão além de “um pequeno quadrado de uma polegada”. Aquele que procura dentro de si, no seu próprio coração, pode então estar conectado com tudo. O exterior é meramente um reflexo do interior. Aquele que procura dentro de seu próprio coração a prática dos caminhos virtuosos, receberá naturalmente. o respeito dos outros e trará posição de destaque e prosperidade para si Aquele que não sabe como olhar para dentro de si e verificar seus próprios pensamentos, mas somente procurar no exterior, então mesmo que ele trame e planeje, não atingirá seu objetivo”.
Mestre Yun continuou a perguntar: “O que disse Mr. K’ung sobre seu destino? “. E eu lhe respondi com todos os detalhes. Novamente ele perguntou: “O que você pensa que deveria receber? Uma nomeação imperial? Você acha que você merece ter um filho?” Pensei um longo tempo sobre esta questão e então lhe disse: “Enquanto todos aqueles que receberam uma nomeação imperial pareciam ter sorte, eu não tive sorte, e também não acumulei méritos para construí-ia. Sou muito impaciente, intolerante,_ indisciplinado e falo sem qualquer restrição. Tenho também um ego muito forte e sou arrogante. Isso tudo não é virtuoso, então como posso eu receber uma nomeação imperial? Há um antigo ditado que diz: “A vida nasce da sujeira da¬Terra, e a água limpa muitas vezes não tem peixe”. Eu tenho uma obsessão por limpeza, esta é a primeira razão pela qual não tenho filhos. A segunda razão pela qual não mereço ter um filho é porque o amor é a base para toda vida, e a intransigência é a causa da não-vida, eu sou muito irritado e sem bondade. Estou completamente ciente sobre minha reputação e não posso me permitir estar em segundo plano para ajudar os necessitados, pois, eu não tenho compaixão por eles. Estas são as razões do porque não devo ter um filho.”
Yun então disse: “De acordo com você, então, há muitas coisas na vida que você não merece, não somente fama e um filho. No mundo, o porquê de existirem pessoas que são ricas ou que passam fome até morrerem é que elas criaram seus próprios destinos e o Céu simplesmente recompensa aquilo que elas próprias semearam.. 0 mesmo ocorre com a criação de uma criança. Alguém que tenha méritos suficientes para umas cem vidas, então terá descendentes que durarão por cem vidas. Aquele que acumulou méritos para dez gerações terá descendentes por dez gerações para protegerem seus méritos; e por último, aqueles que não têm nenhum descendente são pessoas que não construíram méritos suficientes. Se entendermos a razão para criarmos o destino, então mudar as razões pelas quais não se recebe uma nomeação imperial ou por não ter filhos, mudando da avareza para a doação, da intolerância, para a compreensão, da arrogância para humildade, do descaso para diligência, da crueldade para compaixão, da hipocrisia à sinceridade, então acumularemos tantos méritos quanto conseguirmos. Estar bem consigo mesmo, deixando o passado no passado e iniciando um novo dia, pode-se começar uma nova vida. Uma vez entendendo os princípios de como criar nosso próprio destino, então poderemos criar qualquer coisa que desejarmos. Isso é o que significa uma segunda vida. Se o corpo físico é governado pela Lei, então nossa mente pode também se comunicar com o Céu. Como estava escrito no livro T’ai-chia, pode-se escapar da previsão do céu, mas não se pode sobreviver às próprias más ações. Mr. K’ung tinha calculado que você não receberia a nomeação imperial e também que não teria nenhum filho. Essa é a previsão do Céu, mas se você começar a andar em novos caminhos e iniciar o acúmulo de méritos então você estará apto a modificar seu destino. O I-Ching foi escrito para auxiliar as pessoas a evitar o perigo e atrair boa sorte. Se tudo estivesse predestinado então, não haveria necessidade em evitar o perigo ou de melhorar a sorte. Em todo o primeiro capítulo do livro está escrito que as famílias que realizarem boas obras desfrutarão de boa sorte”.
A partir desse momento, conscientizei-me e compreendi o princípio do destino, e então comecei a me arrepender de todos os meus erros do passado. Escrevi que desejava ser aprovado nos exames imperiais para receber uma nomeação oficial, assim, prometi fazer 3.000 boas ações para demonstrar minha gratidão. Mestre Yun também me ensinou como lembrar dos meus méritos, assim como dos meus erros, pois às vezes os méritos acabam sendo neutralizados pelos erros. Ele me ensinou a cantar um certo mantra para fortalecer o que eu pedia (nota: o mantra Cundi pode ser encontrado em qualquer livro da liturgia budista). Ele ainda acrescentou que quando rezamos por algo que se refere à mudança de nosso destino é importante fazê-lo num momento de tranqüilidade da mente, então nosso desejo é mais facilmente realizado.
A teoria de Mencius sobre a determinação do destino de alguém estabeleceu que uma longa vida ou uma vida breve não são diferentes. Superficialmente as duas parecem diferentes, mas sem utilizar a mente discriminatória, elas são iguais. Vendo mais adiante, aquele que vive indiferente aos bons ou aos maus resultados têm então, o domínio do seu destino de riqueza ou pobreza. Ou aquele que vive com adequada indiferença a respeito do status que se obtêm na vida, obteve o domínio do destino mesmo possuindo alto ou baixo status. (isto é, quem vive indiferentemente e com serenidade dos altos ou baixos da vida, adquire o controle de suas emoções e ações, modificando assim indiretamente o seu destino. Passa-se a ter domínio sobre ele.). Para modificar o destino para melhor devemos prímeiro corrigir todos os nossos maus hábitos e pensamentos. Quando um pensamento nocivo é formado, devemos extingui-lo pela raiz. Ser capaz de controlar os próprios pensamentos é uma completa realização.
Meu nome do meio significava “mar de aprendizagem”, mas daquele dia em diante. passei a me chamar Liao-fan, ou “transcendendo o mundano”.
Isso significou minha constatação de que nós criamos nosso próprio destino.
Eu não quis mais cair na armadilha dos pensamentos mundanos. Modifiquei completamente meu modo de viver, passei a viver cautelosamente e com seriedade. No passado costumava ser indisciplinado e minha mente estava fora de controle, mas comecei a prestar atenção no que pensava e no que dizia, mesmo quando estava sozinho num quarto escuro. Mesmo quando os outros blasfemavam contra mim ou me maldiziam, eu os tolerava e não ficava zangado. No ano seguinte a esses acontecimentos, entrei para a etapa preliminar da avaliação imperial. Mr. K’ung havia dito que ficaria em terceiro lunar, mas fiquei em primeiro. As previsões de Mr. K’ung começaram a perder sua eficácia, e assim, fui aprovado naquele outono nas provas, o que não estava nas previsões iniciais!
Quando olhei para mim mesmo, senti que não estava ainda totalmente confortável no meu modo de viver. Por exemplo, quando praticava caridades, não estava completamente certo disso, ou quando ajudava as pessoas e ainda tinha algumas dúvidas, ou quando eu realizava boas obras e não me comportava apropriadamente, ou quando me via sóbrio e então me permitia ficar bêbado. Os méritos e os deméritos às vezes se cancelavam. Do dia em que fiz a promessa passaram-se 10 anos até que consegui completar os 3000 méritos.
Após isso, retornei para minha antiga casa e fui ao templo prestar minhas reverências e oferecer meus méritos. Fiz então meu segundo desejo e este era o de ter um herdeiro. Fiz outra promessa de realizar mais 3000 méritos. E no ano do “Hsin-su” tive um filho, T’ien-ch’i. Quando realizava uma caridade eu a escrevia num livro. A mãe dele (minha esposa), que não sabia ler, desenhava um círculo com a pena de um ganso no calendário quando ela realizava um mérito. Por exemplo, demos alimentos aos necessitados e ajudamos pessoas que precisavam. Às vezes ela acumulava mais de dez círculos num mesmo dia. Assim, passados dois anos acumulamos os 3000 méritos e novamente retornamos ao templo para prestar nossas reverências e quitar nossa promessa. Fiz um terceiro pedido: passar no próximo estágio da avaliação imperial, a etapa chi”-shih. Prometi desta vez 10000 méritos. Após três anos, em 1586, passei por esta etapa e me tornei o prefeito de Pao-ti.
Mantive sempre o livro de registros de méritos e deméritos próximo à minha mesa de escritório. Disse para meus subordinados manterem-se no caminho das caridades e no final do dia fazíamos um relatório para os céus. Minha esposa notou que eu não estava acumulando muitas caridades e estava preocupada. Ela disse que quando estávamos em nossa casa havia muito mais oportunidades para realizá-las, mas quando mudamos para a residência oficial, elas rarearam. Como iremos cumprir nossa promessa? Uma noite em meus sonhos, vi um santo que veio até mim e disse: “Se você reduzir o imposto nos campos de arroz, essa única obra valerá por 10000 méritos”. Nesta época, o imposto sobre os campos de arroz era muito alto, por cada acre o proprietário tinha que pagar uma quantia tão exorbitante que decidi reduzi-la para aproximadamente a metade, mas ainda tinha dúvidas quanto a essa medida. Como uma única ação poderia valer por 10000? Justamente nessa época, havia um monge viajando na região, vindo das montanhas, e eu lhe descrevi meu sonho. Ele me disse que se alguém realiza sinceramente uma boa ação, então ela poderia valer por 10000 e que quando reduzir as taxas para toda a região, ao menos 10000 pessoas se beneficiariam com isso. Certamente aquela caridade valeria por 10000 caridades. Quando escutei essas palavras, resolvi expressar minha gratidão. Doei meu salário do mês para o monge poder retornar para as montanhas e também como auxílio na alimentação de 10000 monges.
Mr. K’ung havia calculado que eu morreria com 53 anos. Não pedi para que houvesse mudança desse fato, mas meus 53 anos vieram e eu sobrevivi. Agora tenho 69. Passei a acreditar que quando alguém diz que a sorte é determinada pelo Céu, esse alguém deve ser um mero mortal. Se alguém diz que a sorte é o resultado do que criamos ou é o reflexo do que temos no coração, então deve ser considerado um sábio.
Em resumo, apesar de não sabermos qual é o nosso destino, nos tempos de prosperidade devemos ser humildes e econômicos e quando os acontecimentos ocorrem como planejamos, devemos ainda assim, manter-nos cautelosos e serenos. Quando estamos saudáveis e repletos de riquezas devemos nos comportar com simplicidade, sem esbanjar. Mesmo se tivermos o amor, respeito e o apoio alheio não devemos nos envaidecer. Ao nascermos numa família afortunada não devemos nos louvar ou exibir para os outros. Quando temos muito conhecimento devemos tratar os outros com respeito e pedir auxílio quando necessitarmos. Devemos sempre tentar ajudar o próximo e sermos muito rigorosos com nós mesmos. Devemos, sem hesitação, nos policiar todos os dias e realizar mudanças em tudo que ainda não está perfeito.

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