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domingo, 5 de setembro de 2010

RSE e COMERCIO JUSTO


Comércio justo, uma idéia antiga

O perfil do típico consumidor do comércio justo mudou de forma drástica e deixou de ser o religioso de boa vontade característico do período de pós-guerra.

O conceito de comércio justo é tão velho quanto a própria ética. Mas sua atual sustentação teórica choca-se com o consumo de massa.
A literatura francesa em matéria de comércio justo tem muita finidade com “a Ética a Nicómaco”, obra do filósofo grego Aristóteles na qual argumenta que a ética dependo do contexto.
O mesmo se pode dizer do comércio justo, um conceito em constante evolução.
Muitas ideologias em voga durante o século XIX nos Estados Unidos e na Europa levaram à criação de comunidades e aldeias auto-sustentáveis, de acordo com os princípios do socialismo utópico do filósofo francês Claude-Henri de Rouvroy, mais conhecido como Conde de Saint-Simon, que defendia relações comerciais eqüitativas como pilar da harmonia social.
A maioria dessas experiências durou pouco.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), muitos dos que professavam uma visão do comércio ético do século XX se inspiraram na religião.
Nos Estados Unidos, o Comitê Central dos Menonitas começou a vender artesanatos das nações em desenvolvimento em lojas beneficentes em 1946.
Além disso, na França o abade Pierre (1912-2007), sacerdote católico e incansável defensor dos direitos das pessoas sem lar, criou a primeira rede de comércio justo, Emaús, onde eram vendidas roupas usadas e outros produtos em beneficio de muitas causas.
Mas essas encarnações morais do comércio se parecem mais com doações benevolentes e caritativas do que com atividades empresariais.
Em sua concepção de trabalho humanitário, o comércio justo se tornou secular na década de 60. O termo propriamente dito foi cunhado na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) de 1968, realizada para “maximizar oportunidades de comércio, investimento e desenvolvimento nas nações pobres”, sob o lema “comércio, não ajuda”.
Organizações não-governamentais como a britânica Oxfam Internacional e a francesa Artisans du Monde, começaram a comprar, distribuir e vender a consumidores ocidentais mercadorias adquiridas mediante comércio justo através de suas lojas.
O perfil do típico consumidor do comércio justo mudou de forma drástica e deixou de ser o religioso de boa vontade característico do período de pós-guerra.
Em uma época em que as colônias européias ficavam independentes de suas metrópoles, comprar bens que garantissem um preço decente aos agricultores pobres das nações em desenvolvimento se tornou um ato político.
Mas o volume dos intercâmbios de comércio justo não dispararam até a década passada. Aumentou quase 10 vezes desde 2000 e superou os US$ 3 bilhões em 2007, segundo a associação sem fins lucrativos Fairtrade labelling Organizations International, que fixa critérios de comércio justo.
“Na França, as vendas a título de comércio justo aumentaram cerca de 30% ao ano”, segundo Julio Maisonhaute, coordenadora da Plataforme pour lê commerce equitable (Plataforma para o comércio eqüitativo), que reúne 39 organizações.
O comércio justo moderno começou com o café da América Latina, um produto básico que continua sendo o mais vendido, mas há novos bens que são responsáveis pelo boom.
Porém, muitos deles são bastante polêmicos. Os últimos avanços na variedade de mercadorias justas contribuíram para a expansão do setor, disse Nicolas Messio, diretor-geral da Alter Mundi, cadeia parisiense de lojas dedicadas a este tipo de produto.
“Lançamos uma coleção prêt-à-porter para jovens, que agora representa cerca de dois mil produtos em nossa rede”, afirmou Messio.
“Após vários escândalos pela exploração de trabalhadores em fábricas de grandes corporações do setor da moda, as pessoas ficaram mais sensíveis à questão das condições de trabalho dos que elaboram sua roupa”, acrescentou. “mas, continuam querendo comprar tênis e camisetas da moda criadas por jovens modelistas conscientes”, ressaltou.
A maior consciência social que existe no mundo da moda é a responsável pelo auge do comércio do algodão “justo” procedente da África ocidental, região historicamente atrasada em relação à América Latina e Ásia.
Também aumentou o comércio justo de produtos como artesanatos e café africanos nos últimos anos.
“A venda de cosméticos ‘verdes’ e justos também aumenta com rapidez”, disse Messio, acrescentando que “isso porque afeta a imagem das pessoas, pois ninguém quer usar maquiagem sem saber de onde vem”.
O comércio justo não só amplia a variedade de produtos oferecidos como, também, muda a própria essência do negocio.
Os principais supermercados e cadeias de venda direta cada vez têm mais produtos qualificados de “éticos”. Max Havelaar, um dos maiores distribuidores de produtos justos, lidera uma tendência que muitos consideram como o passo que definitivamente deixará para trás o tradicional comércio com consciência social por uma distribuição profissional.
O distribuidor tem acordos com várias das maiores redes de supermercados da França. Essa decisão avivou as discussões dentro do movimento de comércio justo.
“O comércio justo nos supermercados é uma contradição em si mesmo”, explicou Michel Besson, diretor da Andines, distribuidora francesa de produtos justos através da Internet.
“Do ponto de vista estrutural, as grandes redes de distribuição visam maximizar os lucros e minimizar os custos.
Isso atenta contra o objetivo de conseguir um preço justo, e salários decentes, para o trabalho de pequenos produtores”, afirmou.
Mas, para Elodi Martin, da Max Havelaar “a nova tendência está a anos-luz dos idéias originários de autogestão, transparência e justiça.
A distribuição especializada em comércios exclusivos tem um impacto limitado, só chega a ativistas.
Para aumentar as vendas e marcar uma diferença precisamos recorrer a grandes distribuidores e aos supermercados”, ressaltou”.
No contexto dos acalorados debates entre as organizações dedicadas ao comércio justo, as autoridades francesas organizaram uma mesa-redonda para criar um critério legal.
Mas, três anos depois de agitadas discussões não há consenso. “Um critério que tenha apoio do governo é conveniente para todos”, disse Maisonhaute.
“Dará tranqüilidade aos consumidores e habilitará as ofertas públicas, mas todos têm diferentes critérios sobre o comércio justo”.
Diante da falta de consenso, o Ministério da Economia da França criou uma Comissão Nacional de Comércio Justo em 2005.
Mas, até agora, só existe no papel. A falta de regulamentação pode ser o motivo do crescimento exponencial do comércio justo na França, apesar de a polêmica a respeito ser cada vez mais dura.

Hilaire Avril escreve para o Inter Press Service

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