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segunda-feira, 24 de junho de 2013

BRASIL EM TRANSE

Brasil está vivendo “experiência única”, dizem analistas argentinos
Discurso de Dilma convocando diálogo com políticos e manifestantes agradou, mas como no Brasil ressaltam que manifestações continuam. “Clima de rebelião social”, escreveu o jornal Clarín. O andar da economia brasileira é destaque nas reportagens, nas análises e nas conversas. Brasil é principal parceiro econômico do país vizinho.


Nos últimos dez anos, pelo menos, o Brasil passou a ser apontado na Argentina como exemplo a ser seguido, em termos políticos e econômicos.


Os protestos que ocuparam cerca de cem cidades brasileiras nos últimos dias deixaram muitos argentinos chocados.


Dos elogios passaram às dúvidas – como ocorre no Brasil e em vários outros países que seguem a situação brasileira.


A diferença é que o Brasil é o principal parceiro econômico da Argentina e a desaceleração da economia brasileira já vinha gerando preocupação em alguns setores da economia vizinha, como na área de produção de autopeças, por exemplo.


Agora, analistas políticos e econômicos acompanham a situação no Brasil com a máxima atenção, estudando os reflexos que podem ocorrer na Argentina.


“O que ficou claro é que a presidente Dilma Rousseff não é e nada tem de parecido com a nossa presidente Cristina Kirchner. Dilma falou em diálogo, em pacto nacional, e de conversar também com os manifestantes. Ela não chamou os manifestantes de ‘golpistas’ como já foi feito aqui na Argentina”, disse uma analista econômica, que preferiu não ter o nome divulgado.


Mas apesar das palavras da presidente, em um discurso em rede nacional de rádio e de televisão na sexta-feira à noite, os protestos continuaram, como destacaram reportagens dos jornais Clarín e La Nación e o enviado especial da emissora de televisão TN (Todo Notícias) ao Brasil.


O jornal Clarín que publica ampla cobertura da sua correspondente no Brasil, Eleonora Gosman, definiu a situação assim: “Clima de rebelião social. Tensão no Brasil. Novos protestos e choque após discurso de Dilma”.


Em Buenos Aires, analistas estudam e tentam entender o que ocorre no Brasil.


“O Brasil vive uma experiência única. Nada parecido com o que já vivemos aqui. Na crise de 2001, o país tinha uma emergência, a economia e a política estavam metidas em uma urgência e instabilidade históricas.


O Brasil tem uma economia forte e avançou muito em termos sociais nos últimos anos. Mas quando a desigualdade persiste e os serviços básicos não são atendidos, no mesmo ritmo, a insatisfação tende a crescer”, disse o analista Ernesto Kritz, da consultoria Poliarquía, de Buenos Aires.


Na inédita crise argentina de 2001, os manifestantes também não erguiam bandeiras políticas e rejeitavam a política tradicional. Mas a crise chegou com a saída recorde de capitais, desemprego alto e o conhecido ‘corralito’ (curralzinho, que foi o confisco do dinheiro dos argentinos).


“O Brasil não vive nada parecido ao que vivemos aqui. Mas o que é certo é que quando as pessoas ascendem socialmente ficam mais exigentes com seus direitos econômicos e sociais”, afirmou.



A situação no Brasil continua na primeira página dos principais jornais argentinos, Clarín, que é o mais lido, e o La Nación, e é tema nas televisões e nas conversas em Buenos Aires.


A TN transmitiu a integra de uma entrevista com o ex-jogador e deputado federal Romário, apoiando as manifestações e criticando os políticos no Brasil. Camiseta branca, sem mangas, a regata, ele disse que a “FIFA é quem manda hoje no Brasil”.


Segundo ele, os protestos, que pediu que sejam pacíficos, servirão para alertar os políticos para o que realmente os brasileiros precisam, e que não são necessariamente os estádios para a Copa do Mundo de 2014, mas serviços básicos, como saúde e educação.


“E que parem com a corrupção no país”, disse.


Além política interna, com destaque para a formação das listas dos candidatos às primárias de agosto e às eleições legislativas de outubro, certamente o Brasil é um dos principais assuntos na mídia e nas conversas do país vizinho.


“Como ninguém percebia que havia insatisfação? Nem as pesquisas diziam nada? Mas o Brasil ia tão bem que espero que logo encontre seu rumo”, disse uma advogada acostumada a passar férias no Brasil.


Como publicou o La Nación – “O Brasil se pergunta como renovar seu milagre”. E o mundo – especialmente a Argentina – acompanha esse processo com a máxima atenção.

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