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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O ATROZ ENCANTO DE SER TRADUTOR, no Brasil (III)



“Many critics, no defenders,
Translators have but two regrets;
When they hit no one remembers,
When they miss no one forgets”.

(RASCHAUER, 1985, 355)




TRABALHO E PROFISSÃO
Conceito de profissão

O trabalho representa para o homem o meio pelo qual se produzem bens e serviços para outros, ao mesmo tempo é para o trabalhador a maneira de ter acesso à ingressos econômicos, e sua principal fonte de auto realização.
A concepção social que se tem do trabalho está relacionada com a percepção que se tem de sua utilidade social e, ao mesmo tempo, da valoração que se dá às qualidades que se requer para sua realização e do esforço e dedicação que se exige a quem o realiza.
Falar de profissão denota uma atividade econômico social específica; é dizer, o que a exerce ou desempenha através de suas atividades reconhecidas socialmente, recebe uma retribuição econômica que vai de acordo com o status social que lhe confere a comunidade.
O reconhecimento social a uma profissão determinada varia de acordo com a sociedade de que se trate e do momento em que se considere; por exemplo, o valor social que se outorga à profissão de médico é bem diferente ao que se lhe concede à profissão de tradutor, quiçá em função de que se percebe maior benefício coletivo na primeira que da segunda.
Outro exemplo é a valorização social que se dá às carreiras profissionais mais ligadas com o setor produtivo, em particular na indústria da transformação, como é o caso dos engenheiros químicos em comparação com as chamadas profissões humanistas como a psicologia.Aqui a valorização se faz desde o plano econômico.
A valorização social, não é estática, senão que se vai transformando em função de diferentes fatores, como o grau de conhecimento que se tem da profissão em questão.
Outro fator que incide ao valorizar uma profissão é a aparição de problemas “novos”, alguns, produto do avanço tecnológico.
Cada sociedade valoriza o exercício duma profissão de diferentes maneiras, de acordo com suas necessidades e à época em que se desenvolve.

“Things are happening, good and bad, and translators are envolved in numerous different ways”.
PYM (2001, 136).

Características do trabalho profissional
Se consideramos o trabalho profissional como uma forma diferente de resolver os problemas ou necessidades do homem nos diferentes aspectos: saúde, economia, bem-estar, vivenda, etc., é que é o profissional que está capacitado para fazê-lo porque foi formado para este fim, é necessário estabelecer a diferença entre um trabalho profissional e um que não o é.
Entre outras características que possui uma profissão, se pode reconhecer que têm:
- Um nível de competência
- Busca do bem-estar comum.

Competência.
Se diz que é juridicamente competente quem pode exibir um título universitário requerido e referendado pelo Estado para uma tutela do bem comum.
O campo duma profissão se encontra delimitado pelos problemas que deve resolver o profissional desse campo, para o qual haverá sido capacitado por uma instituição que o Estado reconheça para tal fim.
Dita instituição deve haver proporcionado tanto a informação teórico conceitual, como haver criado as condições necessárias para o desenvolvimento das habilidades práticas os valores éticos necessários que permitam ao graduado ter a capacidade de resolver os problemas específicos de sua comunidade em dita disciplina.
É dizer, os estudantes duma profissão esperam desenvolver a capacidade de resolver problemas particulares, para o qual recebem uma formação específica que os diferencia de outros profissionais; isto é, os saberes teóricos, metodológicos e técnicos de cada uma das profissões que existem, delimitam o campo do exercício profissional de cada uma delas: o advogado não possui os mesmos conhecimentos teóricos, metodológicos e técnicos que o engenheiro, por que não faz as mesmas coisas.
Não só se recebem os saberes requeridos pelo campo profissional, senão que esta formação científica vai acompanhada duma formação humanista para lhe conferir o grau de profissional.
Assim, em relação com a competência se pode dizer que faz referência às atitudes que deve desenvolver e possuir um profissional para o exercício das atividades próprias de seu campo. Cabe distinguir diferentes tipos de competência: por um lado, as referentes ao caráter intelectual da profissão; por outro, as que se referem ao aspecto técnico da mesma, e por último as que se relacionam com o aspecto humanista da profissão.

Competência intelectual. O exercício duma profissão demanda conhecimentos científicos específicos dum campo do saber particular que permita explicar, compreender e, num dado momento, transformar a realidade. A aplicação de ditos conhecimentos permitirá ao profissional resolver problemas da coletividade ou do indivíduo de forma sistemática e eficiente, seguindo caminhos que o diferenciam de outros modos de resolver problemas, chamados não científicos ou não profissionais.
O trabalho profissional demanda de quem o exerce uma formação científica sólida. Este tipo de competência faz ênfases no aspecto informativo, em particular no caso do conhecimento que se relaciona com as ciências, pelo qual a educação universitária têm como uma de suas responsabilidades prioritárias capacitar aos alunos na claridade conceitual, nos descobrimentos científicos, nos métodos de investigação de que dispõe a ciência.
Competência técnica. Quando se fala dum trabalho profissional, se pensa numa pessoa capacitada para realizar um conjunto de ações que permitam, por exemplo no caso dum médico, administrar um tratamento que restitua a saúde ao enfermo. O profissional deve contar não só com o conhecimento teórico e sistemático das ciências que lhe competem, senão ademais deve ser capaz de aplicar estes conhecimentos a casos e problemas concretos.
A competência técnica supõe desta forma que as instituições encarregadas da formação de quadros de profissionais não só se abocarão a proporcionar informação científica, senão que ademais procurarão o equilíbrio na formação prática dos estudantes, por meio da adequação de seus planos e programas de estudo.
A responsabilidade do desenvolvimento da competência técnica e científica não só compete às instituições formadoras de profissionais, senão que lhe compete ao aspirante a profissional e à sociedade em geral, que devem buscar as opções que encurtem a distância entre o teórico e o técnico, entre a teoria e sua aplicação.
Competência humanística. A formação científica e técnica num campo particular não basta para reconhecer a um profissional como tal; o que lhe confere esta característica sem dúvida é a formação humanista; é dizer, toda profissão deve ter como objetivo fundamental ao homem.
Em sua hierarquia de valores, o profissional coloca ao homem em primeiro lugar, já seja para desenvolver seu espírito, buscar sua saúde, promover seu bem-estar econômico, etc., do qual se desprende sua responsabilidade social, que é outra das características duma profissão. Assim, o sentido de serviço com que se deve viver e conceber a profissão se separa de qualquer outro tipo de interesse ou utilidade.
O serviço na profissão supõe uma atitude que a leva a um nível além do meramente material, ao mundo do ideal, que reclama em não poucas ocasiões a generosidade do que possui o conhecimento teórico e técnico para a busca do bem-estar do indivíduo e da sociedade.
Quando se fala da competência humanística, se faz referência ao aspecto formativo do profissional, os valores em que se forma para o uso e aplicação dos conhecimentos científicos que adquire.
No processo educativo as instituições, em particular as universidades, não só buscam o aspecto informativo e a acumulação de conhecimentos científicos, senão também o formativo; ou seja, que o profissional reconheça sua responsabilidade social.

Entre os três tipos de competência existe uma estreita inter-relação. Não se pode falar dum trabalho profissional se uma delas se desenvolve de forma deficiente, o qual repercutiria tanto em quem a exerce como aos usuários dos bens ou serviços que se derivam de seu exercício profissional.
É necessário outorgar um significado mais amplo ao termo competência no sentido de não só fazer ênfases no aspecto intelectual e quanto a conhecimento científico, senão que deve significar uma colaboração dinâmica e permanente de toda a pessoa, em todas suas dimensões: física, intelectual, emocional e moral, com uma tendência ao bem comum.

Busca do bem comum
Quando se fala do bem comum, se faz referência a que no exercício profissional se busca o bem-estar individual e coletivo do homem. Basta mencionar que o surgimento das profissões surge das necessidades humanas em aspectos específicos de sua vida individual e coletiva; por tanto, a relação entre profissão e sociedade leva a reconhecer o forte vínculo que existe entre elas.
Uma profissão que não responda às necessidades sociais não tem razão de existir; sua existência está determinada socialmente.
Toda profissão tem por fim uma prestação de serviços ou uma produção de bens, e ambos fins se conjugam num momento determinado. São bens e serviços concretos específicos de cada profissão. A demanda individual ou social lhes confere seu valor social, no sentido de que o professional deve ser sensível a reconhecer estas demandas e buscar satisfaze-las da forma mais adequada e eficiente.
Quando se fala do sentido social das profissões, se refere à responsabilidade que têm os profissionais, mais que a uma visão meramente altruísta; é dizer, esclarecer que benefícios ou valor têm para a sociedade o trabalho. Neste sentido cobra um dobro significado a função profissional: por um lado o referente à finalidade particular da profissão; o outro, em quanto ao valor que tem a atividade profissional e sua repercussão sobre o indivíduo e a sociedade, já que é o indivíduo e a sociedade em geral os que recebem o produto do trabalho profissional.
Uma função importante das profissões é que se podem considerar como o meio através do qual a sociedade pode ser cada vez melhor em benefício do mesmo homem.
O sentido social da profissão tem que ver com o vínculo que se estabelece entre a sociedade e o profissional, onde a primeira determina as necessidades que o segundo deve satisfazer e este desenvolve habilidades, destrezas e atitudes que satisfaçam à sociedade.
A comunidade confia em que o profissional será capaz de resolver seus problemas, já que conta com o saber especializado para fazê-lo.


1 * BERUMEN, GOMAR, GÓMEZ. (2005) Ética del ejercicio profesional. México: CECSA.

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