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segunda-feira, 16 de março de 2009

Crise e América Latina


Faz mais de um milênio, muito antes da conquista européia, uma civilização perdida floresceu numa área que conhecemos agora como Bolívia.
Os arqueólogos estão descobrindo que Bolívia tinha uma sociedade sofisticada e complexa, ou, para usar suas palavras, um dos meios ambientes artificiais maiores, estranha ecologicamente, mais rica do planeta... suas populações e cidades eram grandes e formais, e isso cria um panorama que era uma das maiores obras de arte da humanidade.
Agora Bolívia, junto com boa parte da região, desde Venezuela até Argentina, tem ressurgido. A conquista e seu eco de domínio imperial nos Estados Unidos estão cedendo passo à independência e à interdependência que marcam uma nova dinâmica nas relações entre o norte e o sul. E tudo isso tem como telão de fundo a crise econômica nos Estados Unidos e no mundo.
Durante a passada década, América Latina se converteu na região mais progressista do mundo. As iniciativas através do subcontinente tiveram um impacto significativo nos países e na lenta emergência de instituições regionais.
Entre elas figuram o Banco do Sul, respaldado em 2007 pelo economista e premio Nobel Joseph Stiglitz, em Caracas, Venezuela; e o Alba, Alternativa Bolivariana para América Latina e o Caribe, que poderia demonstrar ser um verdadeiro amanhecer, se sua promessa inicial se pode concretizar.
A Alba pode ser descrita como una alternativa ao Tratado de Livre Comércio das Américas patrocinadas pelos Estados Unidos, porém os termos são enganosos. Deve ser entendido como um desenvolvimento independente, não como uma alternativa. E ademais, os chamados acordos de livre comércio têm só uma limitada relação com o comércio livre, ou incluso com o comércio em qualquer sentido sério do termo.
E certamente não são acordos, ao menos para as pessoas que formam parte de seus países. Um termo mais preciso seria acordos para defender os direitos dos investidores, desenhados por corporações multinacionais e bancos e estados poderosos para satisfazer seus interesses, estabelecidos em boa parte em segredo, sem a participação do público, ou sem que tenham consciência do que está acontecendo.
Outra prometedora organização regional é Unasul, a União de Nações da América do Sul. Modelada em base à União Européia, Unasul se propõe estabelecer um Parlamento sul-americano em Cochabamba, Bolívia. Trata se de um sitio adequado. Em 2000, o povo de Cochabamba iniciou uma valente e exitosa luta contra a privatização das águas. Isso despertou a solidariedade internacional, pois demonstrou o que pode conseguir se através de um ativismo comprometido.
A dinâmica do Cone Sul provêem em parte da Venezuela, com a eleição de Hugo Chávez, um presidente esquerdista cuja intenção é usar os ricos recursos da Venezuela para beneficio do povo venezuelano em lugar de entregarmos para a riqueza e o privilegio daqueles em seu país e exterior. Também tem o propósito de promover a integração regional que necessita de maneira desesperada como pré requisito da independência, para a democracia, e para um desenvolvimento positivo.
Chávez não está só nesses objetivos. Bolívia, o país mais pobre do continente, é tal vez o exemplo mais dramático. Bolívia tem traçado um importante caminho para a verdadeira democratização do hemisfério. Em 2005, a maioria indígena, a população que tem sofrido mais repressões no hemisfério, ingressou na arena política e escolheu um de suas próprias filas, Evo Morales, para impulsionar programas que derivavam de organizações populares.
A eleição foi somente uma etapa nas lutas em curso. Os tópicos eram bem conhecidos e graves: o controle dos recursos, os direitos culturais e a justiça em uma complexa sociedade multirracial, e a grande brecha econômica e social entre a grande maioria e a elite abastada, os governantes tradicionais.
Em conseqüência, Bolívia é também agora o cenário da confrontação mais perigosa entre a democracia popular e as privilegiadas elites europeizadas que ressentem a perda de seus privilégios políticos e se opõem pelo tanto á democracia e á justiça social, às vezes de maneira violenta. De maneira rotineira, desfrutam do firme respaldo dos Estados Unidos.
Em setembro passado, durante uma reunião de emergência de Unasul em Santiago, Chile, líderes sul-americanos declararam seu firme e pleno respaldo ao governo constitucional do presidente Evo Morales, cujo mandato foi ratificado por uma grande maioria, aludindo a sua vitoria no recente referendum.
Morales agradeceu a Unasul, sinalando que por primeira vez na historia da América do Sul, os países de nossa região estão decidindo como resolver seus problemas, sem a presença dos Estados Unidos.
Estados Unidos tem dominado desde faz muito a economia da Bolívia, especialmente mediante o processamento de suas exportações de estanho.
Como o experto em assuntos internacionais Stephen Zunes sinala, no começo da década dos anos 50, num momento crítico dos esforços da nação para converter se em auto-suficiente, o governo dos Estados Unidos obrigou a Bolívia a utilizar seu escasso capital não para seu próprio desenvolvimento, senão para compensar a ex donos de minas e repagar sua dívida externa.
A política econômica que se impôs a Bolívia nessa época foi precursora dos programas de ajuste estrutural implementados no continente 30 anos mais tarde, baixo os termos do neoliberal Consenso de Washington, que há tido em geral efeitos desastrosos.
Agora, as vitimas do fundamentalismo de mercado neoliberal incluem também a países ricos, onde a maldição da liberalização financeira há trazido a pior crise financeira desde a grande depressão.
As modalidades tradicionais do controle imperial-violência e guerra econômica– diminuíram. América Latina tem opções reais. Washington entende muito bem que essas opções ameaçam não só sua dominação no hemisfério, senão também sua dominação global. O controle da América Latina há sido o objetivo da política exterior dos Estados Unidos desde os primeiros dias da república.
Se Estados Unidos não pode controlar América Latina, não pode esperar concretizar uma ordem exitosa em outras partes do mundo, concluiu em 1971 o Conselho Nacional de Segurança na época de Richard Nixon. Também considerava de importância primordial destruir a democracia chilena, algo que fez.
Expertos da corrente tradicional reconhecem que Washington só há respaldado a democracia quando contribuía a seus interesses econômicos e estratégicos. Essa política tem continuado sem câmbios, até o presente.
Essas preocupações antidemocráticas são a forma racional da teoria do dominó, às vezes qualificada, de maneira precisa, como a ameaça do bom exemplo. Por tais razões, inclusive o menor desvio da mais estrita obediência é considerada uma ameaça existencial que é respondida de maneira dura. Isso vai desde a organização dos camponeses em remotas comunidades do norte de Laos, até a criação de cooperativas de pescadores em Granada.
Numa América Latina com uma nova autoconfiança, a integração tem ao menos três dimensões. Uma é regional, um pré-requisito crucial para a independência, que dificulta ao amo do hemisfério escolher países, um após do outro. Outra é global, ao estabelecer relações entre sul e sul e diversificar mercados e inversões. China se há convertido num sócio cada vez mais importante nos assuntos hemisféricos. E a última é interna, tal vez a dimensão mais vital de todas.
América Latina é famosa pela extrema concentração de riqueza e de poder, e pela falta de responsabilidade das elites privilegiadas com respeito ao bem estar de seus países.
América Latina tem grandes problemas, porém há também desenvolvimentos prometedores que poderiam anunciar uma época de verdadeira globalização. Trata-se de uma integração internacional em favor dos interesses do povo, não de investidores e de outras concentrações do poder.
(Os ensaios de Noam Chomsky sobre lingüística e política acabam de ser coletados em The Essential Chomsky, editados por Anthony Arnove e publicados por The New Press. Chomsky é professor emérito de lingüística e filosofia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts de Cambridge).

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