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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

DESTINOLOGIA


“A CIENCIA DE NOSSO DESTINO”. A força do destino?
Em 1970 aparecia um livro escrito pelo premio Nobel de Medicina, o francês Jacques Monod:
“O azar e a necessidade”.
Nele, converte em lema de seu livro ao pensamento de Demócrito…
“tudo o que existe no mundo é fruto do azar e a necessidade”.
O texto, uma reflexão desde a ciência do mundo e o ser humano, se converteu num “best seller” e suscitou numerosos debates. O motivo: sua defesa de que a vida é um simples acidente na historia da natureza.
Monod o diz mais poeticamente:
“O homem vive num mundo estranho; um mundo que é surdo a sua música, e tão indiferente as suas esperanças como os seus sofrimentos e seus crimes”.
O ser humano é acidental e supérfluo: estamos neste mundo de casualidade – se os dinossauros não tiveram desaparecido não estaríamos aqui – e o universo não se importa de que permaneçamos ou nos extingamos. Claro que outros pensam que o azar é simplesmente uma desculpa que temos inventado para aquilo que não encontramos explicação, que tudo tem um motivo para acontecer, que as casualidades não são tais.
Existe o destino?
Antes de formular esta pergunta haveria que decidir o que ele é.
Definir-lo, como faz a Real Academia Espanhola, como a
“força desconhecida que se acredita obra sobre os homens e os acontecimentos”
não é dizer grande coisa.
Que ou quem é essa força irresistível?
Porque deve interferir na vida do ser humano?
Diz-se que todo tem um motivo... mas qual?
Que razão há para quem morre ao cair uma rocha dum morro num dia de chuva?
Ou quem gana o Megasena de Natal?
Não será que nos negamos a aceitar a aleatoriedade do mundo?
É bem conhecido em psicologia que o ser humano necessita encontrar razões para o que acontece. Se não as vê as procura, e se não as encontra, as inventa.
Não será a crença no destino uma forma de deixar tudo atado e bem fundeado?
O conceito de destino sempre há estado relacionado com o sobrenatural.
A conexão é evidente: se nosso futuro está predeterminado, alguém deve haver-lo feito.
Digamos Deus ou a energia vibratória multidimensional.
Os gregos, e com eles os romanos, deixaram muito claro quem tecia o futuro dos seres humanos:
as Moiras – em Roma, as Parcas–.
Elas, no momento do nascimento, decidiam os atos e o momento da morte de tuda pessoa. O destino grego sempre esteve impregnado de fado, de fatalidade, algo que há persistido até nossos dias:
“ninguém fala do destino quando ganha, senão justamente quando perde”.
A contrapartida nórdica são as Nornas, três velhas bruxas malévolas que decidem o futuro dos homens com as runas e que vivem baixo as raízes do Yggdrasil, um fresno cujas ramas e raízes mantém unidos aos diferentes mundos que compõem a mitologia escandinava.
O porvir é tremendamente sombrio. Acorde à mentalidade guerreira da sociedade viking, onde morrer na batalha era um destino digno de admiração, o fim do mundo estava predeterminado por uma grande e última batalha: Ragnarok.
Dela se sabia que ia acontecer, quem ia a lutar e o destino de cada um dos participantes na batalha. No Völuspá (As profecias da adivinha), se narra a historia do mundo, desde sua criação até sua destruição.
Conhecemos nosso destino, porém não podemos evitar-lo: esta crença está perfeitamente refletida nas bruxas de MacBeth, na ópera de Verdi “A força do destino” - baseada na obra que marcou o começo do romantismo espanhol, Don Álvaro ou a força do destino, do Duque de Rivas– ou A ponte de São Luis Rey, do norte americano Thornton Wilder: cinco viageiros se encontram com um mesmo destino, cinco pessoas diferentes, em viagens motivadas por razões diferentes, cruzam a ponte mais bonita do Peru no meio-dia do fatídico 20 de Julio de 1714 em que se caiu.
Casualidade?
Foi o azar quem juntou a essas 5 pessoas no ponte?
Ou foi Deus?
Ao destino, as vezes, o invocamos porque necessitamos de Justiça. Se olharmos a nosso redor descobrimos que o mundo é tudo menos justo:
“Deus ajuda aos maus quando são mais que os bons”.
Mas em nosso foro interno necessitamos que ao final existisse algum tipo de justiça divina que ponha as coisas em seu lugar e que nos recompense o esforço. Esta mensagem é habitual na psicologia pop e em vendedores de felicidade como Andrew Matthews:
“A Criação é justa. O que semeamos é o que coletamos”.
Desejosos como estamos de recompensa, não é de estranhar que estas mensagens se convertam em super vendas.
Em questões do destino estamos muito influenciados pela cultura grega, cujo paradigma é Édipo. Se olharmos a outras culturas podemos encontrar-nos com uma variedade de posicionamentos:
Os judeus não acreditam na predestinação.
Yaveh há criado ao homem livre de escolher seu próprio destino, é a única criatura do universo que goza do livre alvedrio, para escolher seguir –ou não– o caminho de Deus.
Totalmente diferente ocorre entre os muçulmanos.
O sexto e último pilar da fé é a crença no destino
(Al-Qadr): “acreditar no destino significa acreditar em Deus; é o que decide e cria os acontecimentos e as criaturas de acordo com seu conhecimento prévio e absoluto”.
A crença num destino tampouco se pode separar da psicologia. Assim, um dos cursos cognitivos da depressão é o fatalismo: a indefensibilidade ante os acontecimentos se interpreta em função de que esse é o destino. De fato, uma das técnicas terapêuticas usadas em seu tratamento é combater essa idéia fazendo ver ao paciente que certo problema foi devido a certo conjunto particular de situações. Um exemplo tem sido os trabalhos da psicóloga Susan Blackmore sobre coincidências entre crentes e incrédulos em fenômenos paranormais. Neles Blackmore há posto de manifesto que os crentes estimam a probabilidade das coincidências mais baixas do que na realidade são, o que lhes permite interpretar-las como sinales do destino.
Exista ou não, quiçá o melhor seja aplicar à própria vida este dito que se atribui ao filósofo Bertrand Russell:
“Para ser feliz há que ter a força suficiente para trocar as coisas que podes trocar, resignação para aceitar as que não vão poder trocar e sabedoria para distinguir a diferencia”.
(Publicado en Muy Interesante)

DESTINOLOGIA –

“LA CIENCIA DE NUESTRO DESTINO”.
¿La fuerza del destino?
En 1970 aparecía un libro escrito por el premio Nobel de Medicina francés Jacques Monod: “El azar y la necesidad”.
En él, convierte en lema de su libro el pensamiento de Demócrito…
“todo lo que existe en el mundo es fruto del azar y la necesidad”.
El texto, una reflexión desde la ciencia del mundo y el ser humano, se convirtió en un “best seller” y suscitó numerosos debates. El motivo: su defensa de que la vida es un simple accidente en la historia de la naturaleza. Monod lo dijo más poéticamente: “El hombre vive en un mundo extraño; un mundo que es sordo a su música, y tan indiferente a sus esperanzas como a sus sufrimientos y sus crímenes”.
El ser humano es accidental y superfluo: estamos en este mundo de chiripa –si los dinosaurios no hubieran desaparecido no estaríamos aquí– y al universo le importa un bledo que permanezcamos o nos extingamos. Claro que otros piensan que el azar es simplemente una excusa que hemos inventado para aquello que no encontramos explicación, que todo tiene un motivo para suceder, que las casualidades no son tales.
¿Existe el destino? Antes de plantear esta pregunta habría que decidir qué es.
Definirlo, como hace la Real Academia Española, como una “fuerza desconocida que se cree obra sobre los hombres y los sucesos” no es decir gran cosa.
¿Qué o quién es esa fuerza irresistible?
¿Por qué debe interferir en la vida del ser humano?
Se dice que todo tiene un motivo. ¿Pero cuál? ¿Qué razón hay para quien muere al caerle una maceta un día de viento?
¿O a quien le toca el gordo de Navidad?
¿No será que nos negamos a aceptar la aleatoriedad del mundo?
Es bien conocido en psicología que el ser humano necesita encontrar razones para lo que sucede. Si no las ve las busca, y si no las encuentra, las inventa.
¿No será la creencia en el destino una forma de dejar todo atado y bien atado?
El concepto de destino siempre ha estado relacionado con lo sobrenatural. La conexión es evidente: si nuestro futuro está predeterminado, alguien debe haberlo hecho. Llamémoslo dios o energía vibratoria multidimensional. Los griegos, y con ellos los romanos, dejaron muy claro quienes tejían el futuro de los seres humanos: las Moiras –en Roma, las Parcas–.
Ellas, en el momento del nacimiento, decidían los actos y el momento de la muerte de toda persona. El destino griego siempre estuvo impregnado de hado, de fatalidad, algo que ha persistido hasta nuestros días: “nadie habla de destino cuando gana, sino justamente cuando pierde”.
La contrapartida nórdica son las Nornas, tres viejas brujas malévolas que deciden el futuro de los hombres con las runas y que viven bajo las raíces del Yggdrasil, un fresno cuyas ramas y raíces mantienen unidos los diferentes mundos que componen la mitología escandinava.
El porvenir es tremendamente sombrío. Acorde a la mentalidad guerrera de la sociedad vikinga, donde morir en la batalla era un destino digno de admiración, el fin del mundo estaba predeterminado por una gran y última batalla: Ragnarok.
De ella se sabía qué iba a suceder, quién iba a luchar y el destino de cada uno de los participantes en la batalla. En el Völuspá (La profecías de la adivina), se narra la historia del mundo, desde su creación hasta su destrucción.
Conocemos nuestro destino pero no podemos evitarlo: esta creencia está perfectamente reflejada en las brujas de MacBeth, en la ópera de Verdi “La forza del destino” –basada en la obra que marcó el comienzo del romanticismo español, Don Álvaro o la fuerza del sino, del Duque de Rivas– o El puente de San Luis Rey, del norteamericano Thornton Wilder: cinco viajeros se encuentran con un mismo destino, cinco personas diferentes, en viajes motivados por razones diferentes, cruzan el puente más bonito del Perú al mediodía del fatídico 20 de Julio de 1714 en que se vino abajo.
¿Casualidad?
¿Fue el azar quien juntó a esas 5 personas en el puente?
¿O fue Dios?
El destino, a veces, lo invocamos porque necesitamos de Justicia. Si miramos a nuestro alrededor descubrimos que el mundo lo es todo menos justo: Dios ayuda a los malos cuando son más que los buenos.
Pero en nuestro fuero interno necesitamos que al final exista algún tipo de justicia divina que ponga las cosas en su sitio y que nos recompense el esfuerzo. Este mensaje es habitual en la psicología pop y en vendedores de felicidad como Andrew Matthews: “La Creación es justa. Lo que sembramos es lo que cosechamos”. Deseosos como estamos de recompensa, no es de extrañar que esos mensajes se conviertan en superventas.
En cuestiones del destino estamos muy influidos por la cultura griega, cuyo paradigma es Edipo. Si miramos hacia otras culturas podemos encontrarnos con una variedad de planteamientos: los judíos no creen en la predestinación.
Yaveh ha creado al hombre libre de elegir su propio destino, es la única criatura del universo que goza de libro albedrío, para escoger seguir –o no– el camino de Dios.
Totalmente diferente sucede entre los musulmanes. El sexto y último pilar de la fe es la creencia en el destino (Al-Qadr): “creer en el destino significa creer en Dios; es el que decide y crea los acontecimientos y las criaturas de acuerdo con su conocimiento previo y absoluto”.
La creencia en un destino tampoco se puede separar de la psicología. Así, uno de los sesgos cognitivos de la depresión es el fatalismo: la indefensión ante los sucesos se interpreta en función de que ése es el destino. De hecho, una de las técnicas terapéuticas usadas en su tratamiento es combatir esa idea haciendo ver al paciente que cierto problema ha sido debido a cierto conjunto particular de situaciones. Un ejemplo han sido los trabajos de la psicóloga Susan Blackmore sobre coincidencias entre creyentes y escépticos en fenómenos paranormales. En ellos Blackmore ha puesto de manifiesto que los creyentes estiman la probabilidad de las coincidencias más bajas de lo que en realidad son, lo que les permite interpretarlas como señales del destino.
Exista o no, quizá lo mejor sea aplicar a la propia vida este dicho que se atribuye al filósofo Bertrand Russell: “Para ser feliz hay que tener la fuerza suficiente para cambiar las cosas que puedes cambiar, resignación para aceptar las que no vas a poder cambiar y sabiduría para distinguir la diferencia”.

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