Ônibus totalmente limpos, silenciosos, que utilizam como combustível o hidrogênio - o elemento químico mais abundante do planeta - e liberam apenas vapor de água. A apresentação do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio ocorreu na quarta, 1º de julho. O transporte circula em testes na Região Metropolitana de São Paulo desde agosto deste ano. Com a construção do primeiro veículo deste tipo na América Latina, o Brasil passa a ter posição global de destaque ao lado dos Estados Unidos, da Alemanha e da China. "O Brasil é um dos cinco países do mundo que dominam a tecnologia e que têm ônibus movidos a hidrogênio. Também é importante salientar que nós somos o único, entre estes países, que detém uma tecnologia híbrida, como segunda opção para o ônibus a hidrogênio: a eletricidade", disse o governador José Serra durante apresentação.
O projeto prevê a fabricação de até quatro veículos, mais a montagem da estação de produção de hidrogênio e abastecimento dos ônibus, em São Bernardo do Campo, com o apoio técnico da Petrobrás, da BR Distribuidora e da AES Eletropaulo.
Construído em Caxias do Sul (no Rio Grande do Sul) pela Tuttotrasporti e pela Marcopolo, o protótipo já passou por todos os testes automotivos necessários para a sua homologação. Os outros três veículos serão incluídos no sistema a partir de 2010.
O projeto O projeto brasileiro começou há 15 anos quando a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), empresa vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, e o Ministério das Minas e Energia (MME) iniciaram os estudos para o uso do hidrogênio como combustível em ônibus urbanos. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconheceu a importância do projeto e destinou recursos do Global Environmental Facility (GEF) para financiá-lo. Para o desenvolvimento de todo o projeto foram destinados US$ 16 milhões.
A EMTU/SP, coordenadora nacional do projeto, será responsável pelo acompanhamento e avaliação do desempenho dos veículos que circularão nas 13 linhas do Corredor Metropolitano ABD (São Mateus / Jabaquara), operado pela concessionária Metra.
Esse corredor é ideal para o experimento, pois apresenta alta demanda. São cerca de 270 mil passageiros por dia. "Vai ser um teste muito importante do ponto de vista operacional, pois é preciso examinar a economicidade e a viabilidade econômica do projeto", afirmou o governador José Serra. "O projeto vale um grande investimento inicial porque trata-se de uma tecnologia e uma forma nova de transporte", complementou.
Esse trabalho será feito até 2011 com os quatro ônibus previstos no projeto. Após o período de testes, os veículos serão incorporados à frota operacional do corredor.
Parceiros A assinatura do contrato de fornecimento do primeiro ônibus e de toda a infraestrutura necessária ocorreu em maio de 2006, quando o projeto passou a contar com parceiros nacionais e internacionais. São eles:
AES ELETROPAULO (Brasil) - especificação da sub-estação; conexão; qualidade e disponibilidade de energia; BALLARD POWER SYSTEMS (Canadá) - design, desenvolvimento e fabricação da célula a combustível; EPRI INTERNATIONAL (EUA) - gerenciamento do projeto e líder do consórcio; HYDROGENICS (Canadá) - fabricante do eletrolisador e equipamentos da estação de abastecimento de hidrogênio; MARCOPOLO (Brasil) - fabricante da carroceria e seus componentes; NUCELLSYS (Alemanha) - desenvolvimento, fabricação e engenharia de aplicação dos sistemas de célula a combustível; PETROBRAS DISTRIBUIDORA (Brasil) - integradora e operadora da estação de abastecimento de hidrogênio; TUTTOTRASPORTI (Brasil) - integradora do ônibus completo e fabricante do chassi e do software de controle veicular.
A escolha do Brasil O Brasil foi beneficiado com o financiamento do PNUD/GEF por ser um país de economia emergente, maior produtor (50 mil unidades por ano) e o maior mercado consumidor de ônibus do mundo. Ainda há várias fontes para produção de hidrogênio no Brasil e o país é líder na redução de gases de efeito estufa com o uso de energia hidroelétrica e do etanol.
O ineditismo do projeto brasileiro O projeto do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio é inédito pelo fato de ter integrado o avançado sistema em plataforma produzida localmente, ao invés de importar os ônibus de célula a combustível já existentes.
O uso de um sistema de propulsão híbrido com dois sistemas automotivos de célula a combustível combinado com baterias é outra característica pioneira, proporcionando ao veículo menos peso, o que garante mais eficiência no consumo e no rendimento, a um custo menor.
O ônibus brasileiro também conta com um dispositivo de regeneração do sistema de frenagem (aproveitamento do calor), o mesmo empregado neste ano nos carros da Fórmula 1, no qual a energia é armazenada nas baterias e usada na necessidade de maior potência na movimentação do veículo (em subidas, por exemplo).
Além do uso diferenciado de alguns sistemas, a arquitetura e a concepção inovadoras do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio levam a um custo final do veículo significativamente inferior aos existentes no mundo.
Como maior fabricante global de chassis e carrocerias, o Brasil tem demonstrado capacidade de inovação tecnológica e reconhecida competência na gestão desse conhecimento. São qualidades evidentes ao se constatar que o protótipo foi totalmente fabricado e integrado (carroceria e sistemas) em território nacional.
Os próximos objetivos são: desenvolver uma solução mais limpa para o transporte público no Brasil, avaliar e estabelecer as exigências técnicas para garantir a durabilidade do veículo e torná-lo economicamente competitivo.
DATA ENERGIA (RJ) • 8/9/2009 |
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