Extrair da urina energia e fertilizante ecológico
consumer.es
14 de dezembro2009
A urina poderia utilizar-se para obter energia renovável ou para fertilizar as lavouras de maneira ecológica. É o objetivo de vários investigadores que tentam aproveitar este resíduo, o mais abundante no planeta. Na Suécia estudam a idéia de generalizar sanitários que desviam a urina para não perder-la.
Uma equipe de investigadores da Universidade de Ohio (EE. UU.) tem proposto um sistema para produzir hidrogênio a partir da urina. O hidrogênio é considerado por alguns expertos como o sistema de geração elétrica do futuro. Sem embargo, a falta de tecnologias econômicas para seu armazenamento é um dos principais escolhos que impedem sua generalização na atualidade.
Os cientistas da Universidade de Ohio acreditam que a chave para solucionar este inconveniente poderia estar na uréia. Este componente principal da urina incorpora em sua estrutura quatro átomos de hidrogênio por molécula. Os investigadores têm desenvolvido um sistema de eletrolise barato para romper a molécula e obter o hidrogênio sem necessidade de utilizar grandes quantidades de eletricidade. Para liberar o hidrogênio da água se necessitam 1,23 volts, em tanto que o sistema dos cientistas de Ohio requeira 0, 037 volts.
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A urina duma vaca poderia subministrar energia para fornecer de água quente a 19 famílias.
O hidrogênio se poderia obter tanto da urina animal como da humana. Segundo um dos responsáveis da equipe, Gerardine Botte, uma vaca poderia subministrar energia para fornecer de água quente a 19 famílias.
O sistema destes investigadores se encontra no momento em fase de protótipo e tão só é capaz de gerar 0,5 watts. A seguinte fase passa por lograr aparelhos mais eficientes, grandes e econômicos, que possam comercializar-se.
A idéia de utilizar o potencial energético da urina não é nova. Em 2005, um grupo de cientistas do Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia de Singapura desenhou uma bateria que gerava eletricidade a partir da urina. Neste caso, o objetivo dos investigadores era criar pequenos biochips, do tamanho dum cartão de crédito, para detectar certas enfermidades, como a diabetes, infecções, funções renais e hepáticas ou uma gravidez. O dispositivo obtém a energia da mesma urina objeto da análise.
Um dos responsáveis deste biochip, Ki Bang Lee, sinalava que a bateria, capaz de gerar 1,5 watts com 0,2 mililitros de urina, abria as portas para sistemas de detecção doméstica de enfermidade. Desta maneira, os pacientes teriam que acudir ao médico só quando fosse necessário.
A urina como fertilizante ecológico
Outros cientistas trabalham em sistemas para utilizar a urina como fertilizante alternativo e reduzir assim o impacto meio-ambiental dos adubos químicos convencionais. A urina contem fósforo, um elemento utilizado como fertilizante cujo preço se há incrementado nuns 50% no ano passado em algumas partes do mundo.
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Uma equipe de investigadores da Universidade finlandesa de Kuopio descobriu que a urina humana, junto com a cinza de madeira, poderia atuar como fertilizante alternativo para os tomates. Segundo um de seus responsáveis, Surendra Pradhan, esta combinação aumentou seu rendimento em comparação com outros tomates sem fertilizar. Os investigadores também produziram quantidades iguais desta fruta sem que se detectassem riscos de contaminação microbiana ou química.
A investigadora da Universidade sueca de Gotemburgo, Zsofia Ganrot, estima que se seu país aproveitasse este resíduo poderia evitar a quinta parte dos fertilizantes convencionais utilizados na atualidade. A cientista agrega que com esta medida diminuiria a contaminação pelo transporte de fertilizantes líquidos.
Ganrot tem desenvolvido um sistema que acelera o processo de formação de cristais de nitrogênio na urina em repouso. Segundo esta cientista, os experimentos têm demonstrado que este fertilizante funciona igual ou melhor que os comerciais e carece de restos de produtos farmacêuticos. Seu objetivo agora é iniciar um projeto piloto numa granja no sul de Suecia para recolher a urina dos animais. Ganrot assegura que o método não é caro nem complicado e se poderia adaptar a escalas menores, como os lares ou em plantas de tratamento de águas residuais.
Sanitários com desvio de urina
Na Suécia, conscientes do potencial da urina, estudam a idéia de generalizar sanitários que desviam este resíduo para seu aproveitamento. Cada pessoa verte na privada uma média dentre sete e nove litros de urina na semana. Às citadas aplicações deste resíduo, Jac Wilsenach, um engenheiro civil residente em Sudafrica, incorpora outra. Este experto assegura que este tipo de sanitários poderia permitir enriquecer os lodos e produzir metano para sua transformação em eletricidade.
Cada pessoa verte na privada uma média dentre sete e nove litros de urina por semana
Não obstante, este tipo de sanitários implica uma troca de hábitos que poderia frear sua generalização. Ademais de ser mais complexos para poder aproveitar a urina, seu sistema obriga aos homens a sentar-se. Algumas empresas se têm dado conta deste inconveniente e começam a propor desenhos similares aos convencionais.
Os defensores destes urinários sublinham que suas vantagens meio-ambientais e econômicas fazem que o esforço mereça a pena. É também o caso dos urinários que não necessitam água, uma boa idéia que já se utilizou na passada Expô de Zaragoza. Agora, os responsáveis da cidade de Los Ángeles têm aprovado o uso destes modelos para todos os prédios.
Transformador de urina em água
A água é um bem cada vez mais escasso. Por isso, se incrementam os sistemas que tratam de aproveitar melhor este elemento, alguns de maneira muito original. O desenhista Leonardo Manavella há criado o "Aqua H20", um aparelho que transforma tanto a urina humana como a animal em água potável. O resíduo líquido passa através dum filtro de carvão ativado que elimina a cor e o sabor. Uma vez que a urina se tem "limpado", o recipiente fica cheio com água disponível para beber.
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