UNIDADE DO MUNDO

A parábola do oceano
por Stanislas Grof


“A consciência universal é frequentemente comparada ao oceano: uma massa fluida, indiferenciada, e a primeira fase da criação corresponderiam à formação de ondas.
Uma onda pode ser considerada como uma entidade individual, embora seja evidente que a onda é o oceano, e o oceano é a onda. Não há separação nem distinção em última instancia.
A fase seguinte da criação seria uma onda se rompendo sobre as rochas e se evaporando no ar como gotas de água, que existirão como entidades individuais durante um curto período, antes de ser novamente tragadas pelo oceano. Assim, temos aqui momentos fugitivos de existência separada.
Mas imaginemos agora a água se evaporando formando uma nuvem. Agora, a unidade original se obscurece e se esconde atrás duma verdadeira transformação, e é necessário ter algum que outro conhecimento de física para se dar conta que esta nuvem é o oceano, e o oceano é a nuvem. Embora, ao final, a água da nuvem vai reunir com aquela do oceano baixo forma de chuva.
A separação final, onde o vínculo com a fonte originaria aparece completamente olvidada, é muitas vezes ilustrada por um floco de neve que se tem cristalizado a partir da água da nuvem que, em sua origem, se havia evaporado do oceano. Temos aí uma entidade muito estruturada, muito individual e separada que não implica, em aparência, nenhuma similitude com a fonte.
Agora, temos realmente necessidade dum saber sofisticado para reconhecer que o floco de neve é o oceano, e o oceano o floco de neve. E para se reunir com o oceano, o floco de neve deve abandonar sua estrutura e sua individualidade; deve se submeter à morte de seu ego, de alguma forma, para voltar a sua fonte."

Citação do livro de Fritjov Capra,"Uncommon wisdom" ("A Sabedoria dos Sábios")