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quinta-feira, 11 de julho de 2013

GOLPES MILITARES II






Regressam os golpes “toleráveis”?
Por ANDRÉS OPPENHEIMER - AOPPENHEIMER@ELNUEVOHERALD.COM
O surpreendente apoio ao golpe militar de Egito em alguns círculos políticos dos Estados Unidos, Europa e Meio Oriente poderia ser um mal precedente para América Latina: poderia ajudar a legitimar uma vez mais a ideia de que há golpes militares “bons”.


É difícil não chegar a essa conclusão despois de ver políticos como o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano John Boehner, e a jornais como The Wall Street Journal aplaudindo o golpe de 3 de julho, que derrocou ao ex-presidente de Egito, Mohamed Morsi, ou ver que o governo do Presidente Obama - se bem expressou sua “preocupação” pelos fatos - têm feito piruetas retóricas para evitar descrever como um golpe ocorrido em Egito.
E é difícil não temer um novo retrocesso da defesa coletiva da democracia no mundo todo despois de ver que Arábia Saudita, Kuwait e os Emirados Árabes Unidos celebraram o golpe, e prometeram ao novo governo militar de Egito 12 bilhões de dólares em ajuda econômica.
Pouco depois do golpe, o presidente da Câmara de Representantes de EUA, Boehner, declarou que o exercito egípcio é “uma das instituições mais respeitadas” deste pais, e que “acredito que seus militares, em nome dos cidadãos, fizeram o que deviam fazer ao substituir ao presidente”.
Em seu editorial de 4 de julho, The Wall Street Journal chegou ao extremo de dizer que “os egípcios seriam afortunados se seus novos generais governantes seguissem o exemplo do chileno Augusto Pinochet, que assumiu o poder em meio ao caos, mas recrutou a reformistas partidários do livre mercado e gerou uma transição para a democracia”.
Muitos partidários do golpe de Egito sinalaram que o próprio Morsi havia violado as regras democráticas impondo a todos os egípcios a vontade de seu movimento, os Irmãos Muçulmanos, convertendo-se assim num autócrata eleito, de maneira muito similar ao que aconteceu em Venezuela com o presidente Hugo Chávez.
Depois de ser eleito em 2012, Morsi tratou de impor a todos os egípcios, regras islâmicas fundamentalistas, permitiu a persecução dos cristãos coptos e dos muçulmanos xiitas, e tratou de assumir poderes absolutos. E por cima de todo isso, sua incompetência administrativa afundou ainda mais no caos a economia de Egito.
Os defensores do golpe também argumentam que foi um golpe “popular”. Em efeito, milhões de egípcios tinham saído às ruas para pedir a destituição de Morsi.
E os partidários do golpe no Egito rejeitam o argumento de que a destituição de Morsi poderia ajudar a legitimar os golpes militares no mundo todo. Dizem que a última oleada de glorificação dos golpes militares em Latino América já havia começado faz mais duma década graças a Chávez, em Venezuela.
Efetivamente, Chávez, um ex-militar golpista, depois de ganhar sua primeira eleição em 1998 converteu em feriado nacional a data de seu falido golpe militar dos 4 de fevereiro de 1992. A data se celebra até o dia de hoje com desfiles militares em Venezuela.
Minha opinião: Salvo em casos de genocídios (estou pensando na Alemanha de Adolfo Hitler) não existe tal coisa como um golpe militar “bom” contra um presidente eleito. Por pior que este último seja, os generais que assumem o poder se convertem em ditadores, violam os direitos humanos, e convertem em vítimas aos líderes depostos, cujos partidários cedo ou tarde terminam regressando ao poder.
Isso aconteceu com diferentes variantes depois dos golpes militares de Pinochet em Chile, e dos generais na Argentina e Brasil na década de 1970. E é provável que o mesmo aconteça em Egito, especialmente despois da morte de 51 militantes islâmicos produzidas esta semana. Isso criará novos “mártires” e lhe dará aos Irmãos Muçulmanos de Morsi uma causa que pronto eclipsará as lembranças do ruim que foi seu governo.
Então, que haveria que fazer com os presidentes democraticamente eleitos que abusam de seus poderes?

Não há uma resposta fácil, porém a menos má em longo prazo provavelmente seja enfrentar aos ditadores eleitos com a regra das três “P”: protestos, pressão e paciência.
A oposição do Egito deveria se haver unido para ganhar as eleições parlamentares em outubro, e as eleições presidenciais dentro de três anos. Morsi houvesse tido que dar marcha atrás em seu autoritarismo ou se converter num ditador muito mais repressivo, e menos tolerável para o resto do mundo. Em qualquer dos casos, lhe houvesse sido difícil se aferrar indefinidamente ao poder.
Já sei, não é fácil pedir paciência aos povos que vivem sob governantes desastrosos. Porém, no longo prazo os protestos, a pressão e a paciência são uma melhor solução que os golpes militares para impedir um banho de sangue, e o eventual retorno dos maus governantes derrocados.

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