“O DAMMAPHADA – O CAMINHO DA PERFEIÇÃO”
Compilação de palavras do Buda (s.V a.C.). Uma pequena selecção:
A condição humana está dirigida pela mente: nossa vida é criação de nossa mente.
Aquilo que somos hoje provém de nossos pensamentos de ontem, e nossos pensamentos de hoje construem nossa vida de amanhã.
O sábio que vive em vigilância a considera seu mais precioso tesouro.
O sábio endireita sua mente, vacilante e instável, como o construtor de setas endireita as setas.
Maior mal que o que pode gerar o inimigo a seu inimigo, é o mal que gera uma mente mal dirigida.
Como a abelha colecta a essência da flor e se afasta dela sem destruir a beleza ou o perfume, assim vive o sábio entre os seus.
Tome cada qual em consideração o que ele mesmo faz e não o que fazem ou deixam de fazer os demais.
Como a flor que parece bela e de bonitas cores, porém que não tem perfume, assim de belas e estéreis são as palavras daquele que fala mais não faz.
Como a flor bela, com cor e também perfume, assim são frutíferas as palavras do que fala e faz o que diz.
O caminho das riquezas é um e, o do Nirvana é outro. Que o buscador tenha isto bem presente e que não se ocupe em lavrar-se um nome senão por lograr a verdadeira liberdade.
Até os deuses invejam a quem há logrado desfazer-se do orgulho e da auto-complacência, que tenha conseguido tomar o controle de seus sentidos e achar à calma.
Uma pessoa assim tudo o suporta, é serena como a terra firme, cristalina como um lago puro. Onde viva, esse lugar será lugar de plenitude.
Da concentração da mente brota o conhecimento, da carência de concentração, a destruição do conhecimento. Um destes dois caminhos conduz à existência, o outro a não existência.
Difícil de obter é a condição humana, difícil é dar com a via da Verdade. Não faças o mal, trabalha pelo bem e purifica tua mente: este é a mensagem dos Budas.
Abster-se de ferir alguém, abster-se de provocar mal algum, buscar o bem de todos e guiar a própria mente por meio da concentração, este é a mensagem dos Budas.
Quem se entrega à dispersão e esquece a concentração, esquece seu próprio bem.
Desligar-nos de nós mesmos é ser livres do medo e livres do sofrimento.
Do apego nasce o dor, o medo e a angustia. Do desejo nasce o dor, o medo e a angustia.
Descobri-te construtor! Já nunca mais voltarás a construir uma casa. As vigas hão sido destruídas, o teto derrubado. Minha mente se há liberado do que faz girar e girar a existência. A cadeia do desejo foi quebrada!
Como um lago transparente, sereno e profundo, assim é o sábio que escuta as palavras da via.
Não há melhor caminho que o discernimento. Quando soube como arrancar o ferrão do desejo, já não deixei de mostrar o caminho.
Arranca de você o amor por você mesmo, dedica-te ao caminho que conduz à paz. Quem entende a grande felicidade que nasce da renuncia a uma pequena felicidade, sabe o que deve abandonar.
Vosso gozo o achará na alerta e a vigilância. Vigia vossa mente. O desejo cresce como as plantas trepadoras; a vida de quem não há vencido ao desejo é como a do macaco que não para de saltar de árvore em árvore buscando as frutas.
Do mesmo modo que uma árvore volta a crescer se a raiz se há conservado intata, do mesmo modo o desejo e o sofrimento reaparecem uma e outra vez até que não destruas sua raiz.
Fáceis de ver as faltas dos outros e difíceis de ver as próprias. Há quem espalhe as debilidades dos demais como penas lançadas ao vento em quanto esconde as próprias como o jogador astuto esconde seu jogo.
Melhor que um milhar de palavras inúteis é uma só palavra que gera paz.
Melhor que um milhar de versos inúteis é um só verso que gera paz.
Melhor que uma centena de poemas inúteis é um só poema que gera paz.
Melhor que cem anos vividos na ignorância, sem contemplação da verdade, é um só dia de vida vivido na sabedoria e a contemplação profunda.
Melhor que cem anos vividos na passividade e na debilidade é um só dia de vida vivido com coragem e decisão.
Quem permanece em silencio só por ignorância ou necedade não é um buscador silencioso. Quem considera os dois mundos, reflexiona e valoriza esse sim é um buscador silencioso.
Não se é grande por ser guerreiro e vencer aos demais; grande é quem vence a si mesmo. Grande é quem é capaz de não ferir a nenhuma criatura vivente.
Não é pela mera prática dos rituais, ou pelo prolongado estudo, ou por elevada concentração, ou por dormir em solidão pelo que se alcança a liberdade gozosa. Mendicante: não te glories na auto complacência!
A senda não está no firmamento, à senda há que encontrar-la no próprio interior.
Ninguém é bramam [de casta superior] pelo nascimento ou pelas tranças. Aquele em quem achamos verdade e retidão, a esse sim pode chamar bramam.
Eu não considero bramam alguém porque proceda de madre bramânica, senão aquele que não possui nada e que está livre de todo desejo.
Aquele para quem não existem esta orilha nem a outra, que vive livre, mais além de todo temor, esse sim que pode ser chamado bramam.
Aquele que vive em contemplação, que é puro e está em paz, que há feito o que devia fazer, que se acha livre de paixões, que há logrado o fim supremo, esse sim é bramam.
Bramam é quem não possui nada, quem não deseja nada, nem deste mundo nem de nenhum outro, quem medita com serenidade e que pela via do conhecimento há alcançado a sabedoria.
Quem não fere com pensamentos, palavras nem ações, quem mantém a estes três baixo controle, esse sim que eu chamo bramam.
Aquele cuja visão é profunda, sábio, que conhece a via e o que fica fora da via, que há logrado o fim mais elevado, a esse eu sim chamo bramam.
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