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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

RSE e TBL


MAIS ALÊM DA RSE

Nos últimos anos surgiu no mundo um conceito que supera ao da Responsabilidade Social Empresaria (RSE): o desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma visão mais aprofundada da relação que as empresas têm com a sociedade e as compromete a tomar em conta, em cada uma de suas ações, o impacto social e ambiental, ademais do lucro econômico.

O desenvolvimento sustentável foi definido pela primeira vez em 1987 pelo Informe Brundtland da Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento como forma de crescimento que permite "atender as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias".

A partir do Cume de Rio de Janeiro 1992, da mão de Stephan Schmidheiny, fundador do WBCSD (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável), e outros precursores como Ray Anderson, CEO de Interface Inc., o setor produtivo começou a questionar-se o lugar que ocupavam suas companhias na sociedade e no planeta. Em ocasiões movido pela consciência ou evolução de alguns líderes empresariais, e na maioria obrigado pelos conflitos sociais e legais que começava a gerar sua forma descuidada de produzir e atuar.

Pouco a pouco começou a falar-se da necessidade de re-desenhar a relação das empresas com a sociedade e o meio ambiente. Uma das primeiras alternativas consideradas foi à adoção das práticas compreendidas no conceito de RSE, a maioria das vezes limitada a ações filantrópicas tradicionais: donativos das empresas a líderes sociais ou organizações civis das comunidades onde operam.

Sem duvida que o conceito que melhor expressa à essência da sustentabilidade empresarial é o Triplo Bottom Line (TBL, em português, triple conta de resultados), formulado pelo consultor John Elkington em seu livro Cannibals with Forks (Canibais com garfos, 1997). Segundo Elkington, considerado por seus colegas o pai da sustentabilidade empresarial, o TBL é o atributo distintivo das empresas engajadas em forma categórica com o novo paradigma: é dizer, aquelas que em seus sistemas de gestão levam em conta o impacto de seus processos e produtos sobre a economia, a comunidade e o meio ambiente nos quais desenvolvem suas atividades. Em tal sentido, o conceito de TBL resulta muito mais completo e abrangente que o de RSE, porque implica re-adequar a totalidade dos produtos e processos.

Sem embargo, aponta Elkington, a adoção do novo paradigma não é instantânea, senão que requer um processo que exige, em todas as companhias, o recorrido de sete passos consecutivos ou revoluções há sustentabilidade. Na medida em que as empresas logram adotar-los experimentam duas transformações radicais. A primeira é o surgimento de uma nova cultura corporativa que reconhece como seu principal ativo às pessoas que colaboram e compartem o conhecimento, dando novos espaços à ação e inovação.

A segunda é o reconhecimento do vínculo de interdependência entre a empresa e a sociedade.

Ernesto van Peborgh

O autor é membro do Equipe Odiseo, agencia de comunicação para o desenvolvimento sustentável em novos meios.
http://www.elviajedeodiseo.com

AS EMPRESAS, ENTÂO, SE ASSUMEM COMO CORRESPONSáVEIS DO BEM ESTAR E OS PROBLEMAS QUE ENFRENTAM AS COMUNIDADES ONDE OPERAM E COMO PARTÍCIPES NA DEFINIÇÃO DE SEUS VALORES. ESTES SÃO OS SETE PASSOS:

· As empresas começam a notar que os clientes e os mercados estão atentos o seu

compromisso com a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

· Pouco a pouco se transforma a cultura corporativa: já não se trata só de ganhar dinheiro,

senão de incorporar questões éticas e valores sociais.

· Ao perceber que a sociedade observa seu comportamento, as empresas assumem que, ainda tentem controlar a difusão de suas ações, elas tomarão estado público. Por este motivo começam a operar com transparência.

· Tomam consciência da importância de desenhar novas técnicas e processos para reduzir o impacto econômico, social e ambiental de seus produtos.

· Constituem-se alianças estratégicas entre empresas, ou entre empresas e organizações de outros setores, incluso entre as tradicionalmente inimigas.

· Em forma paulatina cambia a forma em que se concebem os tempos empresariais e surge a necessidade de pensar e planificar à longo prazo.

· Incorpora-se a agenda do TBL (controle do impacto econômico, social e ambiental de processos e produtos) à estratégia de gestão da empresa.

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