Bill Clinton: “Criar valor numa economia em crise”
A raiz de algumas manifestações recentes do mercado de valores parece que a confiança do consumidor está lentamente recuperando-se de seu ponto mais baixo em décadas. Porém fará falta muito mais que uns poucos dias bons em Wall Street para restaurar a fé do povo nas forças positivas do livre mercado e a globalização. Uma recente consulta de Harris Poll mostra que nove de cada 10 estadunidenses vê agora às corporações, de modo ruim.
Em tanto nos preparamos para a reunião anual da Clinton Global Initiative, que pos em marcha em 2005, estamos enfocados em ajudar às empresas a encontrar a maneira de criar valor para os acionistas e a sociedade. Ao fazer-lo, eles podem recuperar a confiança pública, essencial para o êxito em longo prazo do negócio. A crença de que as empresas devem escolher entre fazer o bem ou ser rentáveis é obsoleta; cada vez entendem mais que sua responsabilidade com os investidores significa ser responsáveis ante a sociedade e o meio ambiente no que operam. Hoje em dia, vários deles estão aproveitando seu core business para “fazer bem fazendo o bem”.
Inclusive nesta recessão econômica, as empresas estão em boa posição para ajudar às pessoas e as comunidades, e podem fazer dinheiro ou poupar-lo
se o fazem. Faço um chamado aos CEOs em todas as partes a adotar este conceito como próprio e a aplicar-lo em suas operações.
Assim como a tecnologia da informação explodiu na década dos 90’s, a tecnologia verde está chamada a ser o seguinte setor de maior crescimento. A energia renovável, a agricultura sustentável, o desenho ecológico, a eco-construção, a maior eficiência em iluminação e eletrônicos, as redes inteligentes e a limpeza de transporte, são todos mercados que prometem gerar emprego e benefícios a nível mundial. As empresas também estão convertendo-se em verdes mediante a produção e embalagem dos produtos que vendem, cada vez com menos materiais e com conteúdos reciclados, que conservam os recursos naturais, reduzem os custos de envio, e evitam as emissões de carbono.
Ao investir no crescimento das comunidades e o bem estar, a companhia outorga poder a seus clientes e cria uma marca mais forte, com maior lealdade. É o que pode resistir às crises econômicas, garantir maiores benefícios em longo prazo, e atrair mais investidores. Isto é especialmente certo nos mercados emergentes, onde o rápido crescimento está reduzindo a distância entre a antiga “caridade” e o investimento inteligente.
Multar Kent, presidente executivo da Coca-Cola, está ajudando a levar esta carga. Seu sistema de distribuição na África é um exemplo duma solução de negócio inovadora que benefícia tanto à empresa como aos empreendedores nos mercados desatendidos. O programa permite aos empresários independentes, incluindo um número crescente de mulheres, a criação de centros de distribuição em nome da empresa. Este modelo ajuda a Coca-Cola a assegurar mercados aos quais lhe é difícil chegar, em quanto que apoja a criação de emprego em ditas comunidades. Até o momento, Coca-Cola tem criado 2.500 empresas de distribuição independentes em toda África, proporcionando emprego direto a mais de 11.000 pessoas e gerando mais de $500 milhões em ingressos anuais.
Na África ocidental, Archer Daniels Midland se associou com produtores de cacau e cooperativas locais para proporcionar apoio e educação em áreas que vão desde a agronomia à gestão empresarial ou a prevenção do VIH/AIDS. Mais além de produzir benefícios consideráveis para os agricultores locais e suas comunidades - melhor saúde, maiores ingressos e a criação de emprego— a colaboração lhe assegura a ADM um subministro sustentável de grãos de cacau de alta qualidade a seus clientes no futuro. Nos Estados Unidos, onde ADM transporta milhões de toneladas de cultivos e produtos terminados através das vias navegáveis interiores, a companhia dedica parte de seus fundos a importantes esforços de limpeza de estas vias e alenta aos empregados a envolver-se diretamente como voluntários.
Estes são os tipos de medidas da Clinton Global Initiative, que reúne líderes políticos, empresários, filantropos e líderes de organizações não lucrativas de todo o mundo para adotar decisões sobre os problemas mais urgentes. Hoje em dia, ser um bom cidadão corporativo requer mais que um negócio tradicional já que demanda investimentos na sociedade e o meio ambiente. Pensar em curto prazo nos meteu na confusão financeira, e os investimentos em longo prazo que também beneficiem ao mundo, podem ajudar-nos a sair dela.
Os esforços que se façam a grande escala para resolver os grandes desafios mundiais, sem incluir ao setor privado, fracassarão. Somos todos acionistas do futuro de nossos filhos e o futuro de nosso planeta, e trabalhando juntos é como poderemos construir uma economia na que todos possam beneficiar-se dos mercados livres.
Harvard Business Review, September 2009, p. 70
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