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quinta-feira, 30 de junho de 2011
O BOLO DO ARTICO
ECOLOGIA | Efeitos da mudança climática
Cinco países se disputam o bolo do Ártico
Pedro Cáceres | Tromso (Noruega)
Atualizado segunda 20/06/2011 12:42 horas
Para entender bem o que está acontecendo no Ártico, o primeiro que há que fazer é se esquecer do falso mapa do mundo que todos levamos na cabeça. A Terra é uma esfera e os mapas são planos, assim que para representar ao globo terráqueo nos vemos forçados a esticar-lo sobre una folha, desenhando uma representação desvirtuada da realidade.
A maioria dos mapas-múndi consegue representar bem a parte central do planeta, porém os pólos ficam totalmente deformados. E assim, para a maioria das pessoas o Ártico é essa coisa esquisita que está acima, uma faixa branca que não se sabe bem que é com que limita e como acaba.
Temos tão interiorizada a falsa projeção dos mapas que custa assumir que Alaska não está no lado oposto ao extremo de Sibéria, senão justo ao lado, as costas do norte de Canadá olham às de Sibéria e Noruega está a tiro de pedra de Groenlândia.
Em realidade, o Ártico é um grande oceano circular cercado por massas de Terra. Para o oceanógrafo Carlos Duarte, um investigador do CSIC que tem realizado múltiplas viagens às regiões polares e que acaba de regressar duma expedição científica às ilhas Svalbard chamadas Arctic Tipping Points (Mudanças Abruptas no Ártico), esta é uma das primeiras falsas percepções que temos sobre essa parte do planeta.
Porque haveria que ver ao Ártico, assegura Duarte, como uma espécie de Mediterrâneo, um mar interior rodeado por continentes e aberto por uns pequenos estreitos que o comunicam com o Atlântico e o Pacífico. Nessas águas se olham varias nações, algumas delas as mais poderosas do mundo, separadas por uma grande massa de gelo que flutua sobre a água. Até agora. Porque o Ártico está trocando e o que antes era uma barreira infranqueável está se abrindo por todos os lados.
A mudança climática está fazendo desaparecer a toda velocidade os gelos boreais e com isso se estão abrindo novas rotas de navegação e a possibilidade de explorar recursos como a pesca, os minerais e os hidrocarbonetos do fundo marinho. Os países costeiros, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Noruega e Dinamarca estão negociando seus limites fronteiriços nessas águas. E alguns já têm começado a extrair o ouro preto. Há prospecções de gás na Groenlândia, e Noruega já tira hidrocarbonetos em seu território mais nortenho, que está além do Círculo Polar Ártico.
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A aceleração da fusão do gelo tem ultrapassado as mais aventuradas predições dos climatologistas. Em setembro de 2007, o Ártico viu a menor extensão de gelo conhecida pelo homem. O casquete gelado se reduz a 4,3 milhões de quilômetros quadrados, uns 40% menos da média de 1979-2000 e praticamente a metade do que era em 1979, quando se começaram a tomar medições por satélite.
Este 2011 vai também caminho do recorde e, no mês de maio, o gelo estava 800.000 quilômetros quadrados por baixo da média. Faz anos, os científicos diziam que a mudança climática poderia deixar o Pólo Norte sem gelo no verão para 2100. Agora, há estudos que aventuram que isto acontecerá em 2030-2040. E os mais arrojados apontam incluso a 2018. Nos últimos cinco anos tem ficado abertos em verão por primeira vez dois míticos passos nunca antes achados, o do Noroeste e o do Nordeste, que permitem ir do Atlântico ao Pacífico pelo norte do Canadá e pelo norte de Sibéria, respectivamente.
Para Carlos Duarte, é muito possível que vejamos convertido o Ártico em algo assim como o Báltico, «um mar que tem gelo durante o inverno, porém que depois o perde e se faz navegável durante meses».
A cidade maior do Círculo Polar
Para ter uma idéia de como pode ser o Ártico num futuro próximo um bom observatório é a cidade noruega de Tromso, a maior localidade de todo o mundo situada além do Círculo Polar Ártico (que empeça nos 66 graus de latitude norte).
Aqui, aos 70 graus norte, não faz tanto frio como cabe esperar. Ao menos não no mês de junho. Porque no porto, onde as velhas casas de madeira pintadas da cor convivem com brilhantes mastodontes de vidro e cimento, os passeantes se atrevem a caminhar em bermuda e camiseta em tanto se aquecem a um sol que eleva as temperaturas até os 20 graus.
Tem tempo para fazer-lo, porque nesta época a luz não se vai em 24 horas. Brilha o sol de meia noite e você pode ver como a neve se derrete a toda pressa nos cumes próximas em quanto os bosques de bétulas e sorveiras estouram numa primavera retrasada pero lotada de energia.
A cidade noruega de Tromso. | Pedro Cáceres
Ao sentir este clima de verão se começa a compreender por que Tromso é conhecida como a porta do Ártico. Porque embora esta realmente elevada no mapa, mais ao norte que toda Islândia, ao mesmo nível que as geladas costas do alto Canadá ou de Groenlândia, onde apenas ninguém vive, aqui há uma localidade de 70.000 pessoas, dotada com aeroporto, ferry boats, carreteiras, uma universidade com 8.000 alunos e varias dezenas de empresas e institutos de I+D.
Mas não, não é pela mudança climática. O 'amável' ambiente de Tromso se deve a algo conhecido de antigo: graças a que a Corrente do Atlântico Norte passa junto a estas costas levando água do Equador ao Pólo, a área se beneficia dum clima inesperadamente benigno. O mar está livre de gelos boa parte do ano e isso é o que permitiu que a zona se povoasse faz milhes de anos e que Tromso fosse a histórica rampa de saída para o grande norte.
De aqui saíram os exploradores Nansen e Amundsen em suas viagens ao Pólo Norte a princípios do século XX e por aí tem passado todos os que desde então intentaram chegar da forma mais rápida ao último canto do planeta. Em Tromso há pessoas de 130 países distintos, e isto se explica por um motivo que todos entendem em tempos de crises: trabalho e prosperidade. Todo o norte de Noruega nada em duas fontes de riqueza. Uma é o pescado e, outra, o petróleo. Desde 1971, o país há estado sacando hidrocarbonetos do Mar do Norte. Agora, a indústria está subindo ao norte. Para o Ártico.
Debate entre exploração ou conservação
Num encontro para jornalistas europeus e estadunidenses organizado em Noruega pelo Center for Strategic and International Studies de Washington,- el mundo.es - se ha reunido com algumas autoridades do país escandinavo, que explicam sua política sobre o Ártico.
Para Jonas Gahr Store, ministro de Assuntos Exteriores de Noruega, não há duvida de que o Ártico está trocando: «O gelo se está derretendo, dura menos e está perdendo espessura, e o fenômeno está indo mais rápido do que haviam previsto as projeções científicas mais elevadas. O aumento de temperaturas no Ártico duplica à média do planeta». E o que isso supõe é que também se abrem novas possibilidades para a navegação e para a exploração do petróleo e gás.
Ha que ter em conta que, segundo os cálculos do U.S. Geological Survey, se estima que os 22% das reservas de hidrocarbonetos do mundo que faltam por descobrir se encontram nos fundos marinos do Ártico. Nas águas do Pólo Norte se acredita que jazem os 13% do petróleo e os 30% das reservas do gás inexploradas. Noruega, que é já o segundo exportador de gás do mundo e o sétimo de petróleo, estima que tem asseguradas reservas para muitas décadas.
A disputa pelas fronteiras
Todas essas riquezas do Ártico estão, juridicamente falando, ao destino dos desejos dum punhado de nações. A diferença da Antártida, que está protegida de toda atividade econômica e militar por um tratado internacional assinado em 1959, o Oceano Ártico carece de toda regulação. A Antártida é um continente coberto de gelo. O Ártico é só um mar, porém dum tamanho enorme. São 14 milhões de quilômetros quadrados (como 28 vezes Espanha) que têm estado livres de toda intervenção só pelo gelo flutuante. Agora, as nações costeiras pretendem esgrimir diretos sobre os fundos marinos e seus recursos.
Em ausência de toda legislação particular, a norma que rege é a Convenção da ONU do Direito do Mar, que data de 1982. Esta permite que os países possam reclamar uma zona econômica por cima das 200 milhas náuticas (370 quilômetros) que correspondem a suas águas territoriais. E podem elevar esta cifra até as 350 milhas se sua plataforma continental se prolonga além destes limites.
Deste modo, só os que se encontram nas águas do Ártico estão em disposição de reclamá-lo como próprio. E Rússia, Canadá, Estados Unidos, Dinamarca (que controla Groenlândia) e a Noruega, têm aumentado nos últimos anos as gestões para definir seus limites. Estados Unidos é o único Estado que não havia assinado essa convenção da ONU, porém a secretaria de Estado Hillary Clinton já tem deixado saber que está a ponto de fazê-lo para não perder a oportunidade de reclamar sua parte do Ártico.
Centro de extração de gás de Snohvit, em Noruega. | Reuters
La batalha diplomática tem um fundo argumental científico. Primeiro há que demonstrar que a plataforma continental se estende para o norte. Todos têm apresentado resultados geológicos que provam que seu controle sobre o Ártico pode ir o más longe possível. Só o centro que rodeia ao Pólo Norte ficaria longe de suas reclamações, porém o demais estaria baixo controle dos cincos grandes do Ártico. Curiosamente, a legislação da ONU não outorga direitos sobre as águas, senão só sobre essa plataforma continental que se entende como propriedade dos estados. É dizer, só seria deles o fundo marino. Mas é aí onde está a riqueza.
O organismo internacional mais importante na geoestratégia do Pólo Norte é o Arctic Council. É um órgão constituído em 1996 ao que pertencem os cinco grandes mais Suécia, Finlândia e Islândia e que se criou para promover a cooperação, a coordenação e a interação entre os estados pertos ao Ártico. O Arctic Council não é mais que um foro de encontro. Não tem capacidade normativa nem regulatória. De fato, nem sequer tem servido para que Suécia, Finlândia e Islândia consigam uma cessão de direitos territoriais de seus cinco grandes colegas.
Um ponto estratégico internacional
A opinião pública mundial costuma olhar habitualmente em outros pontos 'quentes' do globo e costuma passar por alto que, nos últimos anos, o Pólo Norte se tem convertido no centro duma batalha geoestratégica de alto nível. As potencias árticas levam anos se reunindo para se repartir o bolo ártico.
E a cidade noruega de Tromso está no epicentro de essa batalha diplomática pois é onde o Arctic Council acaba de instalar seu escritório permanente. Karsten Klespvik, o embaixador norueguês ante essa instituição internacional, explica a elmundo.es a posição deste organismo sobre o que acontece no Ártico.
Não há nenhum tratado internacional que regule de quem são os direitos sobre o Ártico
"Os câmbios que temos visto são dramáticos. O gelo se tem reduzido muito rápido. “Na Groenlândia, o casquete gelado se está derretendo e o gelo no mar se faz cada vez mais delgado”, afirma. Isto supõe, segundo ele, que o aquecimento "vai a permitir extrair gás e petróleo do fundo marino, sacar minerais, aceder a novos bancos de pesca, aumentar as rotas de transporte e incrementar o turismo e o transito de pessoas".
Para ele não cabe duvida de que o aquecimento global é uma oportunidade: "Há centos de anos, os noruegueses foram a viver na Groenlândia e, tempo depois, acabaram morrendo todos congelados. Agora, com o aumento de temperaturas recentes, está havendo agricultura por primeira vez nessa ilha. Não cabe duvida de que para eles a mudança climática é uma oportunidade muito grande".
Sobre quem detém os direitos do Ártico, Karsten Klespvik é claro. Para ele, o marco vigente é o da Convenção da ONU do Direito do Mar, que concede a potestade aos estados costeiros: "Não necessitamos um Tratado Ártico. Nos vale simplesmente traçar novas normas dentro do marco jurídico atual".
Mas também reconhece que esse marco deixa as mãos livres aos estados e que, por tanto, o que cada um faça no Ártico dependerá de como queira exercer sua soberania: "O Arctic Council não é um organismo de mando nem pode fazer imposições legalmente vinculantes. Todo tem que ser levado a cabo pelas nações. Por tanto não pomos por normas ambientais ou padrões de trabalho para algumas operações", afirma.
Fechar as disputas territoriais entre os cinco países implicados é, por tanto, fundamental para por começar a atuar no Ártico. Nesse sentido, o ministro norueguês de Exteriores, Jonas Gahr Store, considera um sucesso, por exemplo, o acordo recém assinado entre Rússia e Noruega que põe fim a 40 anos de litígio fronteiriço no mar de Barents, em pleno Círculo Polar. Isso vai permitir seguir explorando em busca de petróleo nessas águas glaciares. O titular de exteriores também fala de navegação, e quando se refere a isto não fala só de fazer-lo pelas orilhas, senão incluso através do Pólo Norte: "Se predisse agora que no 2040 poderemos ir navegando em verão através do centro do Ártico, não beirando-lo", afirma o responsável de Exteriores norueguês. Estas rotas diminuem em mais duns 30% as tradicionais vias para ir desde Europa e América até Ásia, poupando tempo e dinheiro e evitando outras vias de Ásia e África que estão sendo cada dia mais perigosas pela pirataria.
Por isso, Rússia, que já tinha uma antiquada frota de 15 rompe gelos atômicos herdada da URSS, tem começado a construção de seis novos buques mais.
Comparação do gelo ártico no verão de 1980 e no verão de 2009. | NSIDC
Duvidas científicas sobre os riscos
Embora, científicos e ecologistas temem que essa atividade industrial dane áreas que se tem mantido livres da atividade humana até agora. A finais de maio e princípios de junho, precisamente, se livrou uma batalha em Groenlândia quando ativistas de Greenpeace intentaram bloquear as prospecções de gás que a empresa canadense Cairn Energy leva a cabo ao oeste da ilha, uma região autônoma dependente da Dinamarca. Os 20 ativistas foram detidos e as operações continuaram.
Para o ministro norueguês de Exteriores, Groenlândia está em seu direito de autorizar essas prospecções: «Não há razão para que o resto do mundo lhe diga a Groenlândia o que tem que fazer», assegura. «Noruega está extraindo gás ao norte do Círculo Polar e, de fato, mais ao norte das explorações que se estão fazendo agora em Groenlândia», agrega. «A maioria das pessoas acredita que se quere perfurar no Pólo Norte, mas são águas internacionais, como as da metade do Atlântico. As jazidas estão perto da costa em áreas reconhecíveis no mapa», aclara o ministro de Exteriores, quem acrescenta que o país já está extraindo gás nos 70º de latitude, quando os 66º são a linha geográfica do Círculo Polar.
Segundo explica Ole Andras Lindseth, diretor geral do Ministério do Petróleo e a Energia de Noruega, a jazida mais longe está a 150 quilômetros da costa noruega e a profundidade máxima à que se perfura são os 800 metros de profundidade. O responsável de Energia lembra que os padrões ambientais da indústria do petróleo em Noruega são «os mais exigentes do mundo». Visam minimizar o impacto direto sobre o entorno marinho. Pretendem também reduzir as emissões de gases de efeito estufa com projetos pioneiros de captura de CO2.
Respeito à segurança, Ole Andras afirma que «a probabilidade de acidente não é maior ou menor que no resto do mundo», porém sim admite que as conseqüências fossem distintas, já que o casquete gelado é sensível e tem grande riqueza biológica e ademais as frias temperaturas fariam que um vertido tardasse mais em se descompor.
Ativistas de Greenpeace intentam bloquear as prospecções em Groenlândia.
Ao oceanógrafo Carlos Duarte lhe preocupa o perigo direto sobre os frágeis ecossistemas do Pólo Norte que representa a atividade humana, porém também lhe parece um cruel paradoxo o fato de que a queima de combustíveis fósseis esteja provocando a fusão do Ártico e que esse desgelo, a sua vez, esteja permitindo a busca de mais petróleo, o que alimenta o processo.
Para Ole Andreas Lindseth, esse paradoxo é fruto da sociedade na que vivemos: «De todas as gráficas que poderia lhe mostrar, a mais relevante é a das previsões da Agencia Internacional da Energia, que assinala que em 2035 necessitaremos um 44% más de gás. Vamos a ter que satisfazer essa demanda e o que há que fazer é atender-la «duma forma eficiente e limpa, apostando pelas melhores técnicas e pela captura dos gases», diz. Para ele, o objetivo último é "construir uma sociedade sustentável no Ártico".
E si se pergunta ao responsável do Petróleo e Energia norueguês porque há que civilizar uma das zonas mais remotas do planeta sua resposta é rotunda: "Há que fazer uma sociedade sustentável no Ártico porque já há milhões de pessoas vivendo nele e querem trabalho, prosperidade e ter uma vida. O que vamos a fazer? Deixar-la só para questões ambientais ou tratar-lo como uma região mais do mundo?".
El futuro da sociedade ártica
Embora quiçá não seja tão fácil criar uma sociedade sustentável no Ártico. Os científicos advertem que a mudança climática é um processo complexo e submetido a fenômenos de aceleração e retroalimentação. Quando uma das peças do sistema climático se altera, seu efeito sobre o resto pode ser maior do esperado. É o que ocorre, por exemplo, com a fusão dos gelos marinhos. O gelo branco reflete a maior parte da luz solar e tem um efeito refrigerador sobre o planeta. Embora, as águas obscuras captam muito maior calor. Deste modo, quanto mais gelo se funde, mais água fica exposta e mais rapidamente se aquece o mar. Isto tem levado ao Ártico à acelerada fusão que sofre nas últimas décadas, que supera toda expectativa.
O oceanógrafo Carlos Duarte está agora mesmo voltado no estudo desses motores de troca do sistema climático. A expedição Arctic Tipping Points do CSIC tem estudado precisamente esses elementos que têm a virtude de provocar uma mudança a grande escala. Segundo Duarte, as mudanças podem ser graduais, até que se atinge um umbral limite, um ponto de não retorno em que o aquecimento começa a se acelerar e já não há volta atrás.
O passado mês de janeiro se celebrou em Tromso o congresso internacional Arctic Frontiers ao que acudiram científicos e políticos das nações árticas. A placa anunciadora desse congresso definia muito bem o que são os 'tipping points': mostrava fichas de dominó caindo em cadeia.
Há elementos que podem causar mudanças abruptas do clima com conseqüências globais
Segundo Duarte, dos 14 elementos capazes de causar instabilidades e trocas abruptas no planeta, seis se encontram no Ártico. La perda de gelo marinho aumentará o aquecimento da água; o retrocesso do casquete gelado de Groenlândia fará que aumente o nível do mar; o aumento de temperatura em sedimentos marinhos e nos solos pode liberar os hidratos de metano encerrados neles provocando a emissão de grandes quantidades de um gás como o metano com um forte efeito estufa; a fusão do gelo em terra faz que chegue mais água doce ao mar, o que pode alterar as correntes marinhas que distribuem o calor por todo o planeta; e a subida de temperaturas provoca a morte do bosque boreal e a dessecação de turfeiras, o que é um foco de incêndios e grandes liberações de CO2; e, por último, o aquecimento da tundra e o permafrost (ou solo permanentemente gelado) pode liberar grandes quantidades de gases de efeito estufa retidos aí.
Se continuarmos queimando combustíveis fósseis, todos estes processos continuarão aumentando. E a mudança climática poderá adquirir tal virulência que alterará o bem estar em todo o planeta e também no próprio Ártico. Um Pólo Norte totalmente desprovido de gelo será uma região submetida a uma mudança tão radical que será difícil assegurar a permanência dos recursos vivos marinhos ou terrestres. Nem sequer se pode assegurar que vai a ter uma meteorologia que permita viver com normalidade.
O mundo está preso entre sua sede de petróleo e os problemas que este lhe causa. O Ártico, agora, é o último cenário desse dilema hamletiano. E todos somos parte de ele.
O ministro de Exteriores norueguês o expressa taxativamente: «Os 34% do gás que consume Europa é norueguês e nós lhe vendemos a Europa o 95% do que exportamos. Dependemos uns dos outros».
O petróleo em Noruega
•
O US Geological Survey diz que no Ártico se encontra os 22% das reservas estimadas de hidrocarbonetos do mundo. Acredita-se que aí estão os 13% do petróleo por descobrir e os 30% das reservas do gás inexploradas. Pelo momento, quem tem encontrado a galinha dos ovos de ouro é Noruega. Seus poços no Mar do Norte a têm convertido no sétimo exportador de petróleo do mundo e no segundo de gás. Agora, está ampliando a exploração ao Círculo Polar Ártico.
• Há um controle estatal sobre a exploração do petróleo que obriga às companhias privadas que exploram as jazidas a ceder uma porcentagem elevado dos benefícios a Noruega. O estado ingressa este dinheiro num fundo especial que já tem acumulado 300 bilhões de dólares. Esse cofre norueguês assegura a estabilidade das finanças públicas e os serviços sociais e tem permitido que Noruega tenha o terceiro PIB per capita mais elevado do mundo.
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FONTE: EL MUNDO- ESPANHA
Contate com o autor do artigo via Twitter. Pcaceres_
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