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Hoje, vai saber por que, me ocorreu escrever sobre a morte.
A morte é a grande administradora da igualdade, é frente a ela que todos ficarão iguais, brancos, pretos, amarelos, ricos, pobres e falidos, gênios, tontos e normais, magros, gordos, altos, baixos, valentes e covardes... frente a ela somos todos iguais... E também somos iguais na ignorância, ninguém sabe o que nos espera ao morrer...
Será que ela (a morte) é um privilégio e que por isso custa toda uma vida chegar a ela?
Como falou, se falou, alguma vez Epicuro de Samos, o filósofo grego:
“A morte é uma quimera: por que em tanto Eu existo, não existe Ela; e quando Ela existe, já não existo Eu”.
O Mensageiro da morte (conto da tradição indiana)
Havia um homem que, após trinta anos de prática, havia adquirido o poder de se multiplicar a si mesmo em quarenta formas distintas.
Por suas práticas, soube que a hora de sua morte se acercava, assim que se preparou. Ao escutar os sinos do mensageiro da morte, se multiplicou em quarenta formas distintas.
O mensageiro ficou atordoado. Devia se levar a um homem, porém havia quarenta que pareciam iguais. O Deus da morte, que tudo sabe, mandou outro mensageiro com uma consigna precisa: elogia-o até morrer.
Quando viu ao homem múltiplo, o mensageiro começou a elogiá-lo:
— Você é um grande homem, invencível, maravilhoso — E o homem múltiplo se enchia de orgulho em suas quarenta formas —, porém tens um pequeno defeito.
O verdadeiro homem pulou gritando:
— Qual é?
O mensageiro pode assim levá-lo arrastando-o.
“A morte não nos rouba os seres amados. Ao invés, os guarda e nos imortaliza na recordação. A vida sim que nos os rouba muitas vezes e definitivamente”.
François Mauriac (1905-1970) Escritor francês.
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